Está de volta a F1: Rosberg e os outros contra Lewis Hamilton

13 mar 2015, 10:18

Mercedes é claramente favorita a repetir domínio de 2014. Grid tem cinco rookies, uma nova Marussia e perdeu a Caterham. De regresso está o GP do México

Será na madrugada de sexta-feira que os motores começarão a roncar em Melbourne, agora com som oficial. Arranca este fim de semana a temporada de 2015 da Fórmula 1, marcada por uma pré-época agitada a vários níveis, do defeso à crise mais ou menos generalizada que ameaçou deixar o grid com menos de 20 carros, pela primeira vez em vários anos.
 
Os sinais vinham, de resto, do conturbado final da temporada passada, quando Marussia e Caterham não conseguiram esconder fragilidades evidentes a nível financeiro. O pelotão estava cada vez mais depauperado e praticamente nada foi feito, neste interregno, para alterar a situação.
 
A Marussia salvou-se graças a um investidor novo e foi rebatizada de Manor, mas ainda não está totalmente confirmada a presença na corrida da Austrália. A Caterham diz adeus.
 
Começamos por aqui porque é este um retrato fiel da Fórmula 1 atual: um campeonato em crise e tremendamente desigual. Indiferentes, as grandes equipas (e Bernie Ecclestone) seguem o seu trilho.
 
A Mercedes acredita que 2015 será ano de festa como foi o anterior. E a verdade é que poucos ousarão, nesta altura, contestar a previsão. Depois de uma temporada de domínio avassalador (16 vitórias em 19 corridas), a escuderia alemã prepara-se para repetir a dose. É difícil perceber quem se poderá intrometer.
 
O campeonato arrisca-se, assim, a seguir as pisadas do anterior e tornar-se um duelo Lewis Hamilton-Nico Rosberg
. O inglês em busca de se juntar ao restrito grupo dos tricampeões. O alemão em busca do primeiro título.

Os favoritos são eles. A partir daí, há várias interpretações.
 
Os outsiders

 
O defeso foi agitado. A chegada de Sebastian Vettel
à Ferrari foi a principal notícia de uma pré-temporada que também ficou marcada pelo regresso algo inesperado de Fernando Alonso
à McLaren, depois da má experiência em 2007.
 
O espanhol, que protagonizou o acidente que marcou os testes de Barcelona, vai mesmo falhar a corrida de domingo, na Austrália, por conselho médico. A McLaren entrará em pista com a dupla de 2014, mas a convicção de poder fazer algo diferente. Não só por ter Alonso, mas sobretudo por ter a Honda. É o regresso de uma parceria mítica que já deu vários momentos de glória à escuderia de Woking.
 
Quanto a Vettel terá a dura missão de tentar o que Alonso não conseguiu: fazer a Ferrari voltar a vencer um título. Seria uma grande surpresa se o fizesse já em 2015, mas, ao dar este passo, saindo do conforto da Red Bull, o tetracampeão estará consciente de que o projeto não pode nunca ser a curto prazo.
 
Ao seu lado está Kimi Raikkonen
, provavelmente para a sua última temporada na Fórmula 1. Depois do renascer na Lotus, o campeão de 2007 viveu uma época apagada e, reconheça-se, de desilusão. Em final de contrato quererá mostrar um «Iceman» diferente para alimentar a chama dos milhares de fãs que tem espalhados pelo mundo. A receita é a mesma para Jenson Button,
também a queimar os últimos cartuxos na McLaren, ao que tudo indica.
 
A Red Bull, única equipa a ombrear com a Mercedes em 2014, volta a surgir como candidata a «melhor das restantes», um campeonato que vinha habituada a fazer do outro lado da barricada. Daniel Ricciardo
passou de esperança a chefe de fila após um ano fantástico, com três vitórias, esmagando Sebastian Vettel. Ao seu lado terá o pouco experiente Daniil Kvyat
e, ao contrário de 2014, desta feita os holofotes estarão todos no australiano. Resta saber como irá reagir.
 
Por fim, e atendendo aos problemas da Force India (só usou o carro de 2015 na terceira bateria de testes) e da Sauber (a falência chegou a pairar sobre a escuderia), resta olhar para a Williams e Lotus.
 
Os primeiros acreditam que, depois de um ano com vários pódios, poderão regressar às vitórias, algo que, desde 2004, só aconteceu uma vez, de forma totalmente surpreendente, por Pastor Maldonado, no GP Espanha de 2012. Valtteri Bottas
e Felipe Massa
são nomes a ter em conta, sobretudo o finlandês, bem mais regular.
 
A Lotus viveu um ano terrível em 2014, deixou a Renault e vai usar motor Mercedes. Manteve a dupla explosiva Grosjean-Maldonado
, o que deixa sempre muitas interrogações. Mas parte de um bom princípio: será difícil fazer pior.
 
Os rookies

 
Max Verstappen
é aquele que desperta mais curiosidade. Saltou todas as previsões e estreia-se na Fórmula 1 aos 17 anos, levando mesmo a FIA a mudar as regras de acesso para que não se repitam situações como esta. Criticado por muitos, elogiado por outros tantos, o holandês, filho de Jos Verstappen, é um piloto a seguir.

Também o seu colega de equipa na Toro Rosso Carlos Sainz Jr
, filho do «El Matador», bicampeão do mundo de Ralis. Chega como campeão da Fórmula Renault 3.5, depois de ter passado pelo susto de quase ficar à porta face à aposta em Verstappen. Quando Vettel saiu e Daniil Kvyat foi promovido à Red Bull, Sainz Jr respirou de alívio. O lugar era seu.

Na Sauber está instalada a confusão com o recurso em tribunal perdido para Giedo Van der Garde
. O holandês garantiu na justiça um lugar na equipa e um terá de sair, o que poderá custar o lugar a outro rookie, o brasileiro Felipe Nasr 
ou ao sueco Marcus Ericsson
que, em abono da verdade, pouco mostrou na Caterham.

Por fim, a Manor aposta no espanhol Roberto Mehri
, nome desvendado já na reta final da pré-época e também ele estreante. Ao seu lado estará Will Stevens
que só não é um estreante absoluto porque fez a última corrida da época passada pela Caterham. Tal como Mehri, terá reduzidas hipóteses de brilhar.
 
As equipas


Mercedes
: Lewis Hamilton e Nico Rosberg
Red Bull
: Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat
Ferrari
: Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen
McLaren
: Fernando Alonso *
e Jenson Button
Williams
: Felipe Massa e Valtteri Bottas
Lotus
: Romain Grosjean e Pastor Maldonado
Toro Rosso
: Max Verstappen e Carlos Sainz Jr
Sauber
: Felipe Nars e Marcus Ericsson **

Force India
: Nico Hulkenberg e Sergio Perez
Manor
: Will Stevens e Roberto Mehri
 
*-Substituído na Austrália por Kevin Magnussen

**-Giedo Van der Garde ganhou uma ação em tribunal que lhe garante um lugar e obriga a Sauber a prescindir de um dos outros pilotos
 
Saídas e entradas (resumo)


Na Red Bull saiu Sebastian Vettel e entrou Daniil Kvyat (Toro Rosso);

Na Ferrari saiu Fernando Alonso e entrou Sebastian Vettel (Red Bull);

Na McLaren Kevin Magnussen passou a terceiro piloto e entrou Fernando Alonso (Ferrari);

Na Toro Rosso saíram Daniil Kvyat e Jean-Eric Vergne e entraram Max Verstappen e Carlos Sainz Jr, ambos estreantes;

Na Sauber saíram Adrian Sutil e Esteban Gutierrez e entraram Marcus Ericsson (Caterham) e Felipe Nasr (estreante);

A Marussia passa a chamar-se Manor. Saíram Max Chilton e Jules Bianchi e entraram dois estreantes: Will Stevens e Roberto Mehri;

A Caterham acabou.
 
O calendário


15 de março: GP Austrália (5h de Portugal)
29 março: GP Malásia (8h)
12 abril: GP China (7h)
19 abril: GP Bahrain (16h)
10 maio: GP Espanha (13h)
24 maio: GP Mónaco (13h)
7 junho: GP Canadá (19h)
21 junho: GP Áustria (13h)
5 julho: GP Grã-Bretanha (13h)
19 julho: GP Alemanha (13h)
26 julho: GP Hungria (13h)
23 agosto: GP Bélgica (13h)
6 setembro: GP Itália (13h)
20 setembro: GP Singapura (13h)
27 setembro: GP Japão (6h)
11 outubro: GP Rússia (12h)
25 outubro: GP EUA (19h)
1 novembro: GP México (19h)*
15 novembro: GP Brasil (16h)
29 novembro: GP Abu Dhabi (13h)

*-Única corrida nova no calendário 2015. A última vez que a F1 esteve no México foi já em 1992, numa corrida ganha por Nigel Mansell.

 
Horários e transmissões do Grande Prémio da Austrália

 
Sexta-feira, 13 de março

Treino Livre 1, 1h30 (Sport TV 5)
Treino Livre 2, 5h30 (Sport TV 5)
 
Sábado, 14 de março

Treino Livre 3, 3h (Sport TV 5)
Qualificação, 6h (Sport TV 5)
 
Domingo, 15 de março

Corrida, 5h (Sport TV 5)

Saiba tudo sobre a nova temporada de Fórmula 1 no Autoportal

Recorde a temporada de 2014 em vídeo:


Relacionados

Patrocinados