Itália, França e Espanha devem “fazer ajustes orçamentais", afirma diretora-geral do FMI

Agência Lusa , PF
24 nov 2023, 00:17
Kristalina Georgieva

Sobre a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, Kristalina Georgieva observou que, se esta “se prolongar ou mesmo se intensificar, terá um impacto tangível” na economia mundial

tália, França e Espanha devem “fazer ajustes orçamentais”, realçou esta quinta-feira a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, manifestando também preocupação com as consequências do conflito no Médio Oriente e a ascensão do populismo.

Estes três países europeus “viram o seu rácio dívida/PIB aumentar consideravelmente”, salientou a responsável do FMI, em entrevista a vários jornais europeus esta quinta-feira.

“A sua resposta orçamental à covid-19 foi, com razão, muito firme, mas levou a um aumento dos níveis de dívida e também a um aumento dos défices”, explicou, apelando agora a que “realmente (...) façam ajustes orçamentais”.

Para a Itália, “o problema é agravado pela desaceleração do crescimento resultante da retirada das medidas de apoio político”, apontou.

“O que está atualmente no orçamento italiano deve ser reforçado: o ajustamento fiscal que a Itália está a implementar não funcionará com rapidez suficiente para reduzir os défices e os níveis de dívida”, acrescentou Georgieva.

Observando que França está “numa melhor posição porque o crescimento permite o ajustamento orçamental”, a diretora-geral do FMI acredita, no entanto, “que 2024 deve marcar um ponto de viragem no sentido do aperto orçamental”.

Espanha, que beneficiou de uma forte recuperação nos serviços e no turismo, prevê um ajustamento de 0,3%, o que, de acordo com Georgieva, o FMI considera "aceitável desde que Espanha não renove as medidas de apoio político que deverão expirar no final deste ano.

Sobre a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, Kristalina Georgieva observou que, se esta “se prolongar ou mesmo se intensificar, terá um impacto tangível” na economia mundial.

“O crescimento em Israel será inevitavelmente afetado”, lembrou, e “o mesmo se aplica aos países vizinhos como o Líbano, a Jordânia e o Egito, onde o turismo também é importante”.

Questionada sobre a ascensão do populismo, Kristalina Georgieva acredita que “se não houver consciência da necessidade de melhorar constantemente as competências das pessoas (…), pode-se alimentar mais uma vez o populismo”.

Mas também destacou “o papel das redes sociais”, considerando que é “uma plataforma para os mais barulhentos, os mais raivosos e os mais odiosos”.

Sobre o programa económico do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, a responsável do FMI sublinhou que “o país precisa de um ambicioso plano de reformas”.

“Esta é a nossa mensagem para a Argentina há algum tempo e continua a mesma”, frisou.

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