"O trabalho ainda não está feito". FMI avisa bancos para riscos de descidas rápidas de juros antes de julho

ECO - Parceiro CNN Portugal , Patrícia Abreu
18 jan, 15:34
Sede do FMI em Washington

Fundo alerta que a inflação deverá descer a um ritmo mais lento do que no ano passado e avisa que expectativas de cortes rápidos podem ameaçar descida de preços

Os investidores têm-se mostrado muito otimistas em relação a uma mudança na política monetária, a anteciparem vários cortes de juros por parte dos grandes bancos centrais ao longo do ano. Vários membros do Banco Central Europeu (BCE) e da Reserva Federal dos EUA têm procurado acalmar as expectativas dos investidores e agora é o Fundo Monetário Internacional (FMI) que vem avisar que os bancos centrais devem ser cautelosos a descer juros.

Gita Gopinath, a primeira subdiretora-geral do FMI, aconselhou os bancos centrais a gerirem as expectativas dos investidores em relação a rápidos cortes de juros de forma mais cautelosa, sob pena deste otimismo do mercado em relação a uma inversão do ciclo de juros alimentar uma nova subida da inflação.

A mesma responsável, em entrevista ao Financial Times no fórum económico de Davos, argumentou que a inflação deverá recuar mais lentamente este ano, devido a um mercado laboral mais restrito e elevada inflação nos serviços nos EUA, na Zona Euro e noutros países.

Gita Gopinath sugere que as taxas de juro não devem baixar antes da segunda metade do ano, argumentando que “o trabalho ainda não está feito”. Os bancos centrais “devem agir com cautela. Depois de cortar taxas, isso solidifica as expectativas de novos cortes de juros e pode acabar-se com um alívio muito maior – o que pode ser contraproducente”, avisa.

“Com base nos indicadores que temos visto, esperaríamos que os cortes nas taxas de juro ocorressem no segundo semestre, e não no primeiro semestre”, concluiu.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, também apontou ontem o primeiro corte de juros para a segunda metade do ano, declarações que vieram refrear as expectativas dos investidores e determinaram um fecho negativo das bolsas europeias.

“Estamos a observar os salários, as margens de lucro, a energia e as cadeias de abastecimento”, referiu a presidente do BCE, anunciando ainda “ser provável” que a autoridade monetária da Zona Euro possa realizar os primeiros cortes das taxas diretoras no verão.

Atualmente, o mercado está a antecipar que o primeiro corte das taxas aconteça em abril e um segundo corte em junho. Estas declarações de Lagarde, juntamente à ideia de que “há um nível de incerteza e alguns indicadores que não estão ancorados no nível em que gostaríamos de os ver” contribuíram para retirar uma boa dose de otimismo ao mercado.

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