Ex-bastonário dos Médicos arguido por fraude com ajudas de custo

21 jul 2022, 20:00

Em causa estão suspeitas do desvio de dinheiro público, através da cobrança indevida de ajudas de custo quando exercia funções na Ordem, em Lisboa, mas morava em Coimbra

José Manuel Silva, ex-bastonário da Ordem dos Médicos e atual presidente da Câmara de Coimbra, foi chamado à sede da Polícia Judiciária no final da última semana e constituído arguido, apurou a CNN Portugal, por suspeitas de peculato – desvio de dinheiro público, através da cobrança indevida de ajudas de custo quando exercia funções na Ordem, em Lisboa, mas morava em Coimbra.

Em causa está uma investigação da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, que interrogou José Manuel Silva no dia 15. É suspeito de ter recebido indevidamente valores referentes a 51 mil quilómetros feitos em carro particular, quando na realidade se deslocava de comboio entre Lisboa e Coimbra, de 2011 a 2016, nos anos em que era bastonário: “somaram o número de quilómetros e foram ver o número de quilómetros do meu carro e chegaram à conclusão que havia 51 mil quilómetros a mais, mas, é claro, esses quilómetros foram feitos. Não foram feitos é de carro, foram feitos de comboio. O pagamento era feito ao quilómetro, independentemente do método de deslocação”, diz José Manuel Silva à CNN Portugal. 

O caso foi denunciado em 2019 e, a 26 de setembro desse ano, a PJ fez buscas na ordem para apreender documentação. José Manuel Silva diz que não cometeu qualquer irregularidade: “antes de ser ouvido já era arguido. É uma forma de condenar as pessoas sem condenação. É uma forma de arrastar o nome das pessoas na lama, independentemente de terem culpa ou não”.

O ex-bastonário garante que “o pagamento das ajudas de custo foi processado por pessoas do secretariado da Ordem, cumprindo os procedimentos determinados de forma colegial pelo Conselho Nacional Executivo”. José Manuel Silva diz que se trata de “uma denúncia caluniosa que não sei de onde saiu”, mas estranha o “desaparecimento da Ordem de dois livros de atas onde tudo ficou regulamentado”.

Quanto ao atual bastonário garante que a participação às autoridades não saiu da Ordem dos Médicos. Até porque as atas do conselho nacional executivo, do qual também fazia parte Miguel Guimarães, comprovam a forma de pagamento das ajudas de custo.

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