EUA dizem que "Israel tem de fazer mais para pôr termo à violência contra civis "
Ativos financeiros bloqueados e cidadãos impedidos de entrar nos Estados Unidos. Estas são as primeiras sanções dos Estados Unidos que surgem de uma ordem executiva assinada pelo presidente Joe Biden contra a violência exercida pelos colonos israelitas na Cisjordânia.
O Departamento de Estado dos EUA anunciou esta quinta-feira a primeira ronda de sanções, confirmando uma nota da Casa Branca.
Numa declaração de quinta-feira, o secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que "Israel tem de fazer mais para pôr termo à violência contra civis na Cisjordânia e responsabilizar os seus autores".
Extremist violence against civilians is unacceptable. The United States is taking additional steps to address violence in the West Bank, which undermines the interests of both Palestinians and Israelis.
— Secretary Antony Blinken (@SecBlinken) February 1, 2024
Eis o que está em causa:
Quem é o alvo da ordem: A ordem centra-se em quatro indivíduos acusados de perpetrar diretamente violência ou intimidação na Cisjordânia, segundo o Departamento de Estado, incluindo pessoas acusadas de iniciar e liderar um motim, incendiar edifícios, campos e veículos, agredir civis e danificar propriedade. Os quatro indivíduos nomeados são David Chai Chasdai, Einan Tanjil, Shalom Zicherman e Yinon Levi.
Quais são as consequências: A Casa Branca notificou o governo israelita dos seus planos antes da ordem, confirmou fonte norte-americana à CNN. A ordem bloqueará a propriedade e as transações financeiras dos indivíduos nos Estados Unidos e proibirá os norte-americanos de financiar ou contribuir com dinheiro para essas mesmas pessoas. A ordem é dirigida a cidadãos estrangeiros e não a cidadãos norte-americanos, confirmou o governo dos Estados Unidos, embora alguns cidadãos com dupla nacionalidade tenham sido declarados como estando envolvidos em episódios de violência.
Qual é a relevância: Esta ordem executiva surge numa altura em que Joe Biden está a ser pressionado pelo seu apoio a Israel na guerra contra o Hamas. Embora a ordem assinada pelo presidente norte-americano não faça referência à guerra na Faixa de Gaza, esta decisão materializa o descontentamento de Joe Biden perante a relutância do governo israelita em aceitar uma solução de dois Estados, como tem sido defendida pelo Ocidente.
Em comunicado, a Casa Branca refere que o presidente Joe Biden assinou uma ordem executiva para aplicar novas medidas "destinadas a fazer face a ações que comprometem a paz, a segurança e a estabilidade na Cisjordânia".
Em concreto, acrescenta-se no comunicado, esta ordem executiva permite que os Estados Unidos possam "aplicar sanções financeiras a quem se dirija ou participe em atos ou ameaças de violência contra civis, intimidação de civis para os obrigar a abandonar as suas casas", bem como na "destruição ou apreensão de bens ou atividades terroristas na Cisjordânia".
Netanyahu critica medida "drástica"
O gabinete do presidente israelita, Benjamin Netanyahu, considera que as sanções decretadas por Joe Biden contra colonos israelitas são uma medida "drástica".
"Israel toma medidas contra todos os infratores da lei em todo o lado, pelo que não há necessidade de medidas drásticas nesta matéria", refere-se em comunicado, citado pela Reuters.
Entretanto, o ministro das Finanças de Israel já reagiu às sanções anunciadas pelos Estados Unidos. Bezalel Smotrich colocou um comunicado nas redes sociais, falando numa “campanha” contra os colonos israelitas, dizendo mesmo que existe uma “mentira antissemita a ser espalhada pelos inimigos de Israel” para atacar os colonos da Cisjordânia.
"Esta é uma campanha imoral que transforma as vítimas em atacantes e sanciona o derramamento de sangue colono. É demasiado mau que a administração Biden coopere com estas ações", afirmou.