António nasceu em Portugal, foi viver para uma instituição em Espanha e contou agora a sua história: "Cresci sozinho. Nunca recebi um beijo"

TVI , CNC
19 mai 2023, 15:01
Sozinho (Pexels)

António, um jovem que tem agora 23 anos, perdeu o emprego com a pandemia. Após contar a sua vida ao jornal La Voz de Galicia, recebeu oito propostas de emprego. A história que está a emocionar Espanha começou em Portugal

Após ver a sua história de vida publicada num jornal em Espanha, um jovem nascido em Portugal recebeu oito ofertas de emprego. Na entrevista, publicada na quarta-feira no jornal La Voz de Galicia, António, que tem agora 23 anos, garantiu que o que mais queria neste momento era ter um emprego, terminar os estudos e poder dar tudo o que não teve à sua filha. No dia seguinte, oito empresas já o tinham contactado.

António nasceu em Portugal e já passou por muitos obstáculos. Segundo o próprio, o pai era alcoólico e a mãe vítima de violência doméstica. Com apenas dois anos, foi colocado numa instituição de proteção de menores.

Aos sete anos, ele e o irmão foram enviados para uma outra instituição, em Ourense, Espanha. Nessa instituição, quiseram adotá-lo. “Queriam adotar-me. Mas só a mim, não ao meu irmão, que tinha problemas de hiperatividade. Eu não queria. Disse-lhes que ou éramos os dois, ou nenhum de nós. E acabou por não ser nenhum", disse António ao jornal galego.

Mais tarde, foram para uma família de acolhimento, mas António garante que esta família apenas estava interessada no dinheiro que recebiam por acolherem os irmãos. As regras em casa eram muito rígidas: o jovem nascido em Portugal tinha de estar na cama às oito, nunca recebeu qualquer carinho ou até mesmo um abraço da família de acolhimento, que não mostrava sequer interesse nos seus estudos. Na escola  António era vítima de bullying.

“Eu cresci sozinho. Nunca recebi um beijo. Nunca soube o que é uma carícia. Nem sequer sei o que é ter uma prenda de aniversário", afirmou.

Aos 14 anos, começou a trabalhar, mas a família ficava com o pouco dinheiro que recebia. António conta que acabou por se refugiar no trabalho e, aos 18 anos, saiu de casa, altura em que conheceu uma rapariga e acabou por ter uma filha. Desde o nascimento da filha, António assegura que tudo o que ganha “é para ela” e que quer dar-lhe tudo o que não teve.

No entanto, com a chegada da pandemia, António perdeu o emprego e acabou por ter de ficar a viver na instituição Padre Rubinos, onde está também a tirar um curso. O jovem deseja arranjar um emprego e deixou o pedido: "Eu sirvo para tudo. Recebo todas as ordens. Não me interessa a profissão que exerço. Aprendo depressa. Tenho conhecimentos de informática”.

No dia seguinte à sua história ser publicada, já tinha recebido oito ofertas de emprego. Vários empresários entraram em contacto com o jornal e com a instituição Padre Rubinos, entre as quais uma empresa téxtil em Boiro, uma empresa de canalização em Santiago, uma empresa que o viu como um bom técnico para ajudar menores, uma empresa de restauração em Zamora, uma loja de sofás na Corunha e até uma empresa de trabalho temporário.

A instituição aconselhou-o a terminar o curso e trabalhar ao mesmo tempo, e assim irá fazer: "Agora vou poder ajudar a minha filha e estar com ela, dar-lhe tudo o que ela precisa, porque ela é o que eu mais amo neste mundo."

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