Forças governamentais indianas prendem um dos seus maiores opositores políticos a semanas das eleições

CNN Portugal , MTR
22 mar, 14:53
As maiores eleições do mundo são na Índia (Lusa)

Arvind Kejriwal detido pela agência de combate ao crime financeiro da Índia sob suspeita de corrupção a semanas das eleições gerais

Um dos mais destacados e importantes líderes da oposição indiana e chefe do governo de Delhi, Arvind Kejriwal, foi detido pela agência de combate ao crime financeiro da Índia, de acordo com o seu Partido Aa Aadmi (AAP). A detenção está relacionada com acusações de corrupção ligadas às políticas da cidade sobre vendas de bebidas alcoólicas que, em 2022, ditou o fim do monopólio estatal e segundo a acusação, deu vantagens ilícitas a vendedores independentes e privados. Kejriwal refuta qualquer irregularidade e alega que tudo não passa de uma "manobra política" por parte do Partido do governo, Bharatiya Janata (BJP), especialmente devido ao momento escolhido para fazer a detenção: semanas antes do início da votação a contar para as eleições gerais do país.

Dilip Pandey, legislador do parido AAP e líder da maioria na assembleia de Delhi, disse à BBC que esta ação só mostra que o Primeiro Ministro Narenda Modi "tem medo  do seu opositor, e que "até o podem prender mas não às suas ideias e pensamentos. Continuaremos a lutar e denunciar todas as políticas injustas do governo e do Sr. Modi". Para além do líder, dois membros do partido de Kejriwal , Sanjay Singh e Manish Sisoda, foram presos no ano passado no decorrer deste mesmo caso. Não são só membros do AAP que são alvo de acusações por motivos políticos, Rahul Gandhi, membro do maior partido da oposição "O Congresso" , foi condenado no ano passado, por difamação após um membro do BJP ter apresentado queixa contra si. O Partido Congresso revelou esta quinta-feira (o dia da detenção de Kejriwal) que não conseguiria prosseguir com a campanha porque todas as suas as suas contas haviam sido congeladas devido a uma disputa fiscal em curso, deixado-os incapazes de usar cerca de 20 milhões de dólares em fundos.

A detenção de Arvind mergulhou a capital da Índia numa crise constitucional sem precedentes- é a vez que o figura mais alta do governo de Delhi, em funções é detido. Antes de ser preso pela agência do combate ao crime, o governador de da capital, já tinha sido convocado para interrogatório, tendo recusado sempre comparecer perante as autoridades. Ex- comissário de impostos, Kejriwal, concorreu com a bandeira de combater e erradicar a corrupção, tendo conseguido chegar a todos os setores da sociedade-desde os menos desfavorecidos que vivem em áreas mais degradadas até à classe média. Ao ser eleito prometeu melhorar os serviços água, saúde e educação da capital. O AAP concorre às eleições gerais como parceiro numa aliança formada por 26 partidos políticos da oposição, alguns dos líderes desses partidos já advertiram para a possibilidade de uma "revolução popular" contra o governo em funções.

A democracia na Índia nasceu com a promulgação da Constituição em 1950, que estabeleceu um sistema político baseado em eleições justas e livres, bem como a separação de poderes e proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos. Os primeiros anos foram caracterizados por uma cena política estável, com pluralidade de partidos e uma imprensa livre. Ao longo das décadas, a democracia indiana enfrentou inúmeras ameaças que colocaram em causa os seus ideais fundamentais, num país que se orgulha em ser a maior democracia do mundo, tem como principal problema a interferência de terceiros nos resultados das eleições, a recente prisão de líderes da oposição e alegada utilização de agentes do Estado para proveito próprio do governo. O regime democrático e pluralista em vigor pode estar em risco, numa altura em que a corrupção e sectarismo são cada vez mais normalizados .

 

 

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