"Os Governos são como os namorados": a teoria de Maria Luísa e o casamento de Rio à direita

20 jan 2022, 21:02

Nas freguesias de Codessoso, Curros e Fiães de Tâmega - as mais laranjas do concelho de Boticas – há quem tenha teorias sobre o funcionamento do poder político no país

Nas freguesias de Codessoso, Curros e Fiães de Tâmega os votos vão quase todos para o PSD. Porquê? Porque nestas terras é a união que faz a força. Votam no PSD porque decidem, em assembleia, qual é o partido mais forte. É a disciplina de voto a funcionar.

Em Codessoso, os habitantes vão reunir-se na Junta, no dia 22, às 19:30, para decidir, "em rebanho", em quem vão votar. António de Andrade, de 78 anos com 54 passados em França, explica que esta reunião tem como objetivo “ver a opinião de cada um” e pergunta-nos “quem é o mais forte aqui? Quem tem mais progresso? PS ou PSD?”, ficamos em silêncio. “Não sabe? Pois, olhe, eu também não!”. É precisamente para responder a esta pergunta que os habitantes de Codessoso se juntam, mas não são exigentes: “Não precisa de ser 100% forte, mas pelo menos 50%”, disse.

“Nós, para esses votos, temos que ser todos unidos. Não é só um que vai votar, temos de ser todos unidos. E a união o que é que faz? A força”, disse.

Pela primeira vez, nas sondagens TVI/CNN Portugal há um empate técnico entre António Costa e Rui Rio. Nas ruas, os indecisos são muitos e António é mais um que pode fazer a diferença no dia 30. Não tem preferência por nenhum dos adversários, mas o primeiro-ministro “nem foi muito mau”. Em contrapartida, é mais cético sobre uma vitória do candidato laranja. Diz que falta-lhe a palavra.

“Não acho… do meu ponto de mira, não vejo. Sabe que a melhor palavra é que ganha, mesmo que depois não faça nada. Mas a melhor palavra é que ganha”.

Emigrante há 54 anos, já mistura o português com o francês. “É mais a minha vida em França do que em Portugal” e é lá que vota, pertence ao círculo da Europa. Mas, nestas terrinhas, há quem tenha teorias sobre quem manda no país.

Rui Rio em campanha em Vila Real (PSD/João Pedro Domingos)
Rui Rio em campanha (PSD/João Pedro Domingos)

 

“Os governos são como os namorados”. A frase é de Maria Luísa Pires, 79 anos, habitante de Fiães de Tâmega. “O namorados enquanto andam a namorar uma rapariga, prometem mundos e fundos. Ao fim, casam-se e fazem trinta por uma linha. Os governos é o mesmo. Enquanto não estão lá no poleiro, prometem tudo e mais alguma coisa, depois ao fim de lá estarem, olha cada um para a sua vida e aos desgraçados, cada um que se desenrasque”, explicou.

Perdeu o marido nova, por causa de um cancro, e desde então ficou “escaldada”. Não quis mais homem nenhum. Foi vítima de violência doméstica durante anos e anos. Neste momento, também não tem nenhum “namorado em vista” para as eleições. Rio ou Costa? “Não sei”, respondeu.

A verdade é que Rui Rio já anda a pensar em casamentos à direita, a dois ou a três. É preciso que a relação seja estável e duradoura. Numa arruada pelas ruas da cidade de Vila Real, acompanhado de bandeiras, gerbérias laranjas e bombos, disse, mais uma vez, que não acredita em maiorias absolutas.

“Eu tenho os pés assentes no chão, o Dr António Costa pede uma maioria absoluta em cada canto e em cada esquina, quando que sabe que é praticamente impossível”.

Em Curros, Elvira da Conceição, de 75 anos, está “convencida” com dois partidos, mas não disse quais. Tia do Presidente da Junta (PSD), Camilo Pires, explicou que os habitantes nunca são incentivados a “votar acolá ou aqui”: “Só diz que temos de votar”. Não está certa em quem, mas tem uma visão sobre o poder político.

“Na minha maneira de ver, eles querem todos ir para lá. E depois, estando lá, eles fazem tudo o que lhes apetece e mais alguma coisa”.

Apesar das curvas e contracurvas das estradas, Rui Rio esteve esta quinta-feira em terreno seguro: Bragança e Vila Real. Dois distritos que em 2019, na sua primeira eleição, conseguiu roubar deputados ao PS. São os dois melhores distritos do país, Bragança em primeiro (40,78%) e Vila Real em segundo (36,54%). Para além disso, neste último, está o concelho mais laranja de Portugal Continental: Boticas (61,54%).

Faltam dez dias para saber quem vai ser o próximo primeiro-ministro, mas, para já, a primeira vitória desta campanha aconteceu esta tarde em Vila Real. Rui Rio, baterista na adolescência, marcou o ritmo com um bombo, numa roda improvisada de militantes e apoiantes laranjas.

Rui Rio em campanha (PSD/João Pedro Domingos)
Rui Rio em campanha em Vila Real (PSD/João Pedro Domingos)

 

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