Nikki Haley 63%, Trump 33%: a primeira vitória de sempre de uma mulher republicana em votações primárias

4 mar, 12:02
Nikki Haley primárias republicanas EUA (CJ Gunther/EPA)

Mas é uma vitória que vale de pouco na nomeação para a corrida presidencial. Ainda assim: “Não é surpreendente que os republicanos mais próximos da disfuncionalidade de Washington estejam a rejeitar Donald Trump e todo o seu caos”

É a primeira vez que Nikki Haley vence uma etapa das primárias republicanas desde o início da corrida à nomeação, concretamente em Washington DC, a capital dos Estados Unidos. A vitória deste domingo à noite não foi menor – segundo a última contagem de votos, a ex-embaixadora de Donald Trump nas Nações Unidas conquistou cerca de 63% dos votos contra cerca de 33% para o ex-presidente, que sofre assim a sua primeira derrota desde o arranque das primárias, a 15 de janeiro.

A par da vantagem em relação ao rival, a vitória de Haley marca a primeira de sempre por uma mulher republicana em votações primárias do partido, adiantou a sua campanha. A informação já foi confirmada pelo Centro para as Mulheres e Política Americana da Universidade de Rutgers, que destaca que uma única mulher republicana, Margaret Chase Smith, tinha sido até hoje nomeada para disputar a presidência, em 1964, mas sem que tivesse ganhado qualquer votação direta do partido, como aconteceu esta madrugada com Haley.

Noutras circunstâncias, esta vitória seria motivo de celebração. Depois da dura derrota para Trump num estado que julgava ter garantido à partida – a Carolina do Sul, do qual foi governadora entre 2011 e 2017, e que teve primárias republicanas a 24 de fevereiro – a campanha de Haley tentou pintar os resultados deste domingo como um claro chumbo da plataforma política do empresário tornado presidente, que governou os EUA entre 2016 e 2020 e que pretende voltar à Casa Branca nas presidenciais de novembro. 

“Não é surpreendente que os republicanos mais próximos da disfuncionalidade de Washington estejam a rejeitar Donald Trump e todo o seu caos”, disse a porta-voz de Haley, Olivia Perez-Cubas, em comunicado, assim que os resultados à boca de urna foram anunciados. Com esta vitória, Haley conquistou 19 delegados republicanos pelo distrito de Columbia – uma quantidade mínima dos 1.215 necessários para um candidato garantir a nomeação presidencial. E o jogo das probabilidades continua contra ela, quando falta apenas um dia para a famosa superterça-feira, na qual 15 estados norte-americanos vão a votos em primárias e caucuses.

Após vencer as primeiras oito votações republicanas, a última delas na convenção do partido no Michigan - onde angariou mais 39 delegados no sábado à noite, horas antes das primárias em DC -, Trump continua a ter a corrida praticamente garantida, com as sondagens para a superterça-feira a anteverem mais vitórias para o ex-presidente.

No final de janeiro, quando Ron DeSantis abandonou a corrida republicana, vários analistas anteciparam que a ex-representante dos EUA na ONU estava prestes a desistir da corrida, uma suspeita que foi cimentada com a inesperada derrota de Haley no seu estado-natal no mês passado. Contudo, no rescaldo de ambas as votações – e de todas as outras derrotas – a candidata garantiu que não está pronta para ceder a nomeação a Trump e continua a apresentar-se como a alternativa pela qual os republicanos anseiam, apesar de a maioria deles continuar a manifestar o contrário nas urnas.

A exceção teve lugar esta madrugada, numa cidade-estado profundamente democrata onde apenas 23 mil eleitores estão registados como republicanos e cujos corredores do poder, destacava o Guardian esta segunda-feira, estão populados de funcionários federais que Trump já prometeu despedir em massa e substituir pelos seus apoiantes se vencer as eleições de novembro contra Joe Biden.

“Embora Nikki tenha sido rejeitada no resto da América”, destacou Karoline Leavitt, assessora da campanha de Trump, assim que a derrota do candidato foi anunciada, “acaba de ser coroada Rainha do Pântano pelos lobistas e insiders de DC que querem proteger o status quo falhado”. Esse status quo já tinha negado a Trump uma vitória nas primárias republicanas de 2016. E nesse ano foi ele quem conquistou a nomeação do partido e a presidência dos EUA, como tudo aponta que vá acontecer outra vez este ano.

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