Ademir Alcântara: «Ainda faço dupla com o Paulinho Cascavel»

28 mai 2015, 10:15
Ademir Alcântara

As grandes memórias de Guimarães e o pânico de aterrar na Madeira durante a última aventura em Portugal

*Com João Tiago Figueiredo

DESTINO: 80's é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINO: 80's.

ADEMIR ALCÂNTARA: Vitória Guimarães (1986 a 1988); Benfica (1988 a 1990); Boavista (1990 a 1992); Marítimo (1991 a 1994).   

 
«Roldão, Jesus, N´Kama, Carvalho, Adão, Nascimento…»
. Ademir tem na ponta da línguas os nomes de um Vitória de Guimarães fortíssimo que conheceu em Portugal. O brasileiro, reforço vimaranense em 1986, ajudou o clube a conseguir um histórico terceiro lugar no campeonato.
 
Era uma das referências de um dos melhores «Vitórias» de sempre. «Aquele Vitória era fabuloso. O que eu dava para voltar atrás e repetir tudo o que conseguimos»
, afirma, em conversa com o Maisfutebol.

 
Um desejo que, provavelmente, não imaginou que teria quando lhe propuseram vir para Portugal, a meio da década de 80. É preciso lembrar que, naquela altura, a informação não corria à velocidade dos tempos atuais.

ENTREVISTA A ADEMIR: «Fui para o Benfica debaixo de um tumulto»

 
«Não chegava nada ao Brasil»
, brinca. « Eu vim para Portugal e pensava que vinha para outro planeta, outro mundo. Nunca tinha ouvido falar no Vitória»
, assume.
 
Mas a adaptação nem foi difícil. Ajudou-o Marinho Peres, outro brasileiro, mas este o timoneiro. Foi o seu primeiro treinador em Guimarães. «Era excelente, grande ser humano, simples e amigo dos jogadores»
, descreve.
 
Ficou fácil para Ademir. No primeiro ano fez 37 jogos, no segundo explodiu de vez e tirou todas as dúvidas: 42 jogos e 17 golos, apesar de o Vitória ter ficado bem aquém do brilharete do seu ano de estreia.
 

Ademir (em baixo, no meio) levou o Marítimo à Europa

OS NÚMEROS DE ADEMIR EM PORTUGAL:

1986/87: Vitória Guimarães, 37 jogos/6 golos (3º lugar)
1987/88: Vitória Guimarães, 42 jogos/17 golos (14º lugar)
1988/89: Benfica, 25 jogos/7 golos (campeão)
1989/90: Benfica, 8 jogos/sem golos (2º lugar)
1990/91: Boavista, 18 jogos/10 golos (4º lugar)
1991/92: Marítimo, 28 jogos/6 golos (7º lugar)
1992/93: Marítimo, 30 jogos/8 golos (5º lugar)
1993/94: Marítimo, 29 jogos/2 golos (5º lugar)


Do Vitória ao Benfica foi um (atribulado) salto. Mas ficou a paixão por ambos.
«Ainda sigo os jogos do Vitória e do Benfica. Por ter sido o meu primeiro clube em Portugal, o Vitória é o clube que desperta mais carinho em mim»
, explica.
 
Da passagem por Guimarães, guarda uma personagem especial. Um amigo para a vida em forma de goleador.
 
«O melhor atleta que vi em Portugal foi o Paulinho Cascavel. E olha, ainda fazemos a nossa dupla aqui no Brasil, em jogos de veteranos. Jogamos de olhos fechados. Ele é um craque e é o padrinho de uma filha minha», conta.

Ademir num O Elvas-V. Guimarães (1986/87):



 
Para além do V. Guimarães e do Benfica, Ademir passeou ainda a sua classe no Boavista e no Marítimo. Experiências bem diferentes.
 
«No Boavista estive só um ano, mas marquei vários golos e encaixei bem na equipa. Mas o Marítimo apresentou um projeto forte, a pensar na Europa, e lá fui eu», atira, entre risos.
 
E na Madeira só havia mesmo um problema: o aeroporto! «
Aterrar e levantar no Funchal era dureza, acho que entrei em pânico muitas vezes», assume.
 
Para fim de conversa, Ademir conta que deve vir a Portugal ainda este ano, depois do verão europeu.
 
E o regresso até poderia ter sido bem mais cedo: «O
Benfica até me enviou os bilhetes de avião para eu estar presente no centenário do clube, mas não fui. Fiz mal, arrependi-me.»

Dois golos de Ademir pelo Boavista (aos 16s e 1m34s):


 

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