E foi ao centro que o impasse se resolveu
O Partido Social Democrata aceitou a proposta feita esta manhã pelo Partido Socialista para que a presidência da Assembleia da República seja dividida entre ambos: as duas primeiras sessões legislativas ficam a cargo de um deputado social-democrata - José Pedro Aguiar-Branco - e as duas seguintes vão ter um um deputado socialista, ainda não conhecido - até Francisco Assis, que venceu as últimas duas votações mas sem maioria, confessa que não consegue “antecipar o que vai acontecer nos próximos dois anos, nem na minha vida, nem eu próprio me vou autoacarretar”. A única certeza, diz, é que será alguém do PS a presidir à Assembleia da República.
Aos jornalistas, o ainda líder da bancada parlamentar do PSD, Joaquim Morais Sarmento, revelou que Aguiar-Branco “cumprirá o seu mandato durante duas sessões legislativas, esta e a próxima, até setembro de 2026”. Segue-se então alguém do PS, que “imaginamos que seja o senhor deputado Francisco Assis”, disse Morais Sarmento. Mas, para o social-democrata, o mais importante agora é ditar o fim a um “impasse” que “não serve o interesse dos portugueses”.
Francisco Assis destaca que “houve um entendimento sério entre PS e o PSD” e que este acordo é uma “excelente solução que desbloqueia um problema institucional grave”. Também do lado do PS, Eurico Brilhante Dias frisa a “solução” que permite “acabar com este impasse que degrada a imagem das instituições”, apontando a responsabilidade aos partidos de direita.
“os portugueses puderam perceber bem que a direita parlamentar não oferece nenhuma solução estável, quer no Parlamento, quer no Governo, e que a direita é ela própria um fator de instabilidade na vida política e na vida dos portugueses”, afirmOU Eurico Brilhante Dias, em declarações aos jornalistas, sublinhando que foi o PS a fazer a proposta de liderança dividida.
Tal como Francisco Assis, também Brilhante Dias fez por deixar claro que o acordo para a presidência repartida da Assembleia da República “configura apenas, sublinho, apenas um compromisso institucional que nada tem de programático e que nada altera a condições em que o PS é a força política que lidera a oposição em Portugal, com um programa político bem distinto daquele que é apresentado pela AD”.
Quando questionado pelos jornalistas se este entendimento pode levar a crer que o PSD e o PS vão andar lado a lado na próxima legislatura, tal como André Ventura disse, Francisco Assis diz que “os portugueses não querem é que se confunda o que deve ser uma disputa democrática, séria e civilizada, com uma espécie de guerra civil em que tudo vale mas nem tudo vale - para o Chega tudo vale mas para os outros partidos não”.
Francisco Assis reforçou que o Partido Socialista mantém-se como principal força de oposição ao Governo, cargo que diz que não é o do Chega. “O Chega não representa uma oposição ao Governo, mas sim uma oposição ao regime democrático. O Chega queria que se criasse um ambiente negativo em torno desta legislatura”, diz, vincando que cabe ao PS, PSD e partidos mais pequenos mas “democráticos” manter a “diferença entre civilidade e selvajaria - temos de nos colocar do lado da civilidade”.