Perante "o profundo definhar" do PAN, André Silva está disponível para voltar

4 fev 2022, 10:01
VIII Congresso do PAN com o tema "Semear o Futuro"

Antigo porta-voz critica a atual liderança por levar o partido "a comportar-se como afilhado” do PS

André Silva afirma-se disponível para ajudar o PAN, caso os militantes decidam que é preciso mudar de líder. O ex-porta-voz do partido garante que nunca lhe passou pela cabeça regressar à liderança, mas diz que, caso os filiados decidam mudar de porta-voz, está disponível para ajudar o partido a "reconquistar a credibilidade e a voz política".

"Desde o momento em que saí do cargo de porta-voz do PAN não me passou pela cabeça regressar, não tendo como ambição ocupar um lugar que já detive. Contudo, saliento que estou disponível, como sempre estive, para ajudar o meu partido a reposicionar-se e a reconquistar a credibilidade e a voz política que já teve, caso os filiados decidam por outra liderança."

Num artigo de opinião que assina hoje no jornal Público, André Silva critica a estratégia seguida pela atual liderança do PAN, afirmando que o resultado das eleições legislativas é consequência de culpas próprias, e não de causas externas.

André Silva entende que a direção do PAN deve assumir responsabilidades pelo resultado, "sem teorias da perseguição, nem cabalas". Escrevendo que "quem não sabe dançar diz que a sala está torta", o antigo porta-voz do partido diz que o PAN envelheceu nestas eleições e que, por isso, "os eleitores acabaram por excluir o elemento mais dúbio".

André Silva, que em deixou a liderança do PAN em junho de 2021 afirmando que em "rigorosamente cenário nenhum" voltaria à política, diz agora que, perante "o profundo definhar do partido", é preciso olhar para dentro do partido e não para fora para compreender os resultados das legislativas.

"Os resultados eleitorais de domingo são muito fáceis de explicar e pouco ou nada se justificam com as causas externas que têm sido apontadas para justificar a catástrofe do dia 30. Apregoar que os resultados são fruto dos ataques de alguns sectores que o PAN belisca, dos efeitos do voto útil, ou, pasme-se, do sistema eleitoral que prejudica os pequenos partidos é um insulto à inteligência, pois, como dizia o meu avô agricultor, a boa fazenda nunca fica por vender. O desaire do passado dia 30 tem, sobretudo, causas internas e inteligíveis".

André Silva diz ainda que o PAN, "de partido estrategicamente dialogante com o PS", "passou a comportar-se como seu afilhado” e, depois, a "porta-estandarte do OE", tendo feito no encerramento do debate do documento orçamental uma intervenção que "alguns deputados do PS não seriam capazes de fazer, tal foi a devoção na defesa do documento e arremessando em direção a tudo o que mexia contra o PS”.

O ex-porta-voz vai mais longe e diz mesmo que "o PAN deixou de marcar a agenda política nas áreas que fazem parte da sua matriz e noutras que veio a abraçar por imperativo do necessário reforço da democracia".

"A postura errática que o PAN decidiu abraçar já tinha ostentado sinais nas autárquicas e as legislativas foram a cabal confirmação disso mesmo. (...) Os resultados não enganam e perante eles só se admite uma postura adulta de assunção de responsabilidades sem teorias da perseguição, da cabala e, muito menos, culpabilizando o sistema eleitoral. Quem não sabe dançar diz que a sala está torta".

Nas eleições legislativas de domingo, o PAN obteve 82.250 votos (1,53%), menos 84.608 votos do que em 2019 e perdeu dois dos três deputados que tinha. Inês Sousa Real, atual porta-voz do partido, foi eleita pelo círculo eleitoral de Lisboa. 

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