Crédito à habitação. Dezembro traz aumentos superiores a 50%

Os portugueses com contratos indexados à Euribor a três, seis e 12 meses vão ter aumentos expressivos nas prestações, de acordo com as simulações feitas pela CNN Portugal. A nota positiva é o abrandamento das subidas

Os dados provisórios do Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para um abrandamento da inflação, mas os portugueses que têm o seu contrato de crédito à habitação revisto este mês vão ter más notícias, já que a subida das taxas Euribor fez com que as prestações voltassem a ter um aumento significativo.

Quem tem contratos indexados à Euribor a 12 meses, por exemplo de 150 mil euros, vai pagar em dezembro cerca de 250 euros a mais do que da última vez que o contrato foi revisto. As simulações feitas pela CNN Portugal com a média das taxas do mês passado apontam mesmo para subidas superiores a 50%.

Este aumento explica-se porque há um ano as circunstâncias eram muito diferentes, com a Euribor ainda em terreno negativo. Agora, a média situa-se nos 2,828%.

Novembro chegou a alimentar alguma esperança, ainda que as taxas médias da Euribor tenham subido para 1,825%, 2,321% e 2,828%, respetivamente a três, seis e 12 meses, uma vez que o aumento aconteceu a um ritmo menos acentuado do que em outubro. E este abrandamento é mesmo a melhor nota a reter numa altura em que os aumentos continuam a ser expressivos.

Quanto vai aumentar a prestação da casa

Empréstimo a 30 anos com spread de 1%

Mas a prestação da casa não vai só ficar mais cara para quem tem contratos revistos anualmente. Desde 6 de junho que a taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação, não sai de terreno positivo e em novembro atingiu um novo máximo desde janeiro de 2009 (2,442%) até descer para os 2,414%.

Para um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos com spread de 1%, o devedor vai pagar mais 185,72 euros desde a última vez que reviu o seu contrato, em junho. Há um ano esse valor era 212,04 euros mais barato.

As simulações da CNN Portugal para quem tem o crédito indexado à Euribor a 6 meses indicam aumentos que variam entre 30 e 185 euros.

A média da Euribor a seis meses subiu de 1,997% em outubro para 2,321% em novembro.

Quanto vai aumentar a prestação da casa

Empréstimo a 30 anos com spread de 1%

O mesmo se passa com os contratos indexados à Euribor a três meses, que se mantém positiva e a subir desde julho, fixando-se agora nos 1,973%. No entanto, as simulações feitas pela CNN Portugal indicam que os contratos com esta taxa são os que têm uma menor subida nas prestações.

As simulações apontam para subidas entre 18 e 108 euros, independentemente do valor acordado com o banco.

A diferença é que, ao contrário dos contratos indexados à Euribor a 12 meses, esta será já a quarta vez que o contrato é revisto desde que o ano começou, levando a aumentos sucessivos da prestação mensal. Para quem tenha contraído um empréstimo de 25 mil euros, a diferença para o último contrato feito em 2021 é já de 29 euros, mas para quem tenha uma dívida de 150 mil esta variação já se encontra nos 174 euros, uma variação de perto de 40%. 

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Empréstimo a 30 anos com spread de 1%

Centeno aponta para menor aumento das taxas de juro

Na sua intervenção durante a CNN Portugal International Summit, Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, disse acreditar que a reunião de dezembro do Banco Central Europeu resulte num novo aumento das taxas de juro, no entanto, apontou, este aumento não deve ser igual aos 0,75 pontos percentuais registados nas duas últimas reuniões.

Certo é que, para Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, "as taxas de juro são, e continuarão a ser, o principal instrumento para combater a inflação" e, por isso, admitiu "aumentar ainda mais as taxas para os níveis necessários de forma a assegurar que a inflação regresse atempadamente ao objetivo de médio prazo de 2%".

A verdade é que em Portugal, o número de empréstimos à habitação desacelerou pelo terceiro mês consecutivo, de acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal (BdP) na segunda-feira. “No final de outubro de 2022, o montante total de empréstimos para habitação era de 100,1 mil milhões de euros, mais 0,1 mil milhões de euros do que no final de setembro”, adianta a instituição liderada por Mário Centeno. Cresceu 4,2% face a outubro de 2021, naquela que é o terceiro mês consecutivo de desaceleração.