Interrogatório a Miguel Albuquerque, Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia era para ter começado no sábado. No entanto, continua a ser adiado
Os detidos na última quarta-feira por suspeitas de corrupção na Madeira ainda não começaram a ser ouvidos no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, onde os interrogatórios estavam previstos para as 10:30, disse fonte judicial.
A mesma fonte adiantou aos jornalistas que o juiz Jorge Bernandes de Melo, que conduz o processo, “está a ler os factos” aos detidos.
Segundo a mesma fonte ainda não se sabe quando terão início os interrogatórios.
Os interrogatórios estavam previstos começarem no sábado, foram adiados para segunda-feira, mas os advogados exigiram ver os documentos apreendidos nas buscas, o que voltou a adiar as audições para esta segunda-feira, segundo fonte judicial.
No sábado, fonte judicial adiantou que o inquérito deverá começar pelo empresário Custódio Correia, seguindo-se Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA, e, por último, o agora ex-presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado.
Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia foram detidos na quarta-feira, na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias efetuadas pela PJ sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente.
A operação também atingiu o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e oficializou esta segunda-feira a renúncia ao cargo, que tinha anunciado na sexta-feira.
Em causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, segundo a PJ.
De acordo com documentos judiciais a que a Lusa teve acesso, o Ministério Público refere que o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), o ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal Pedro Calado (PSD) e o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, estabeleceram, “ao longo do tempo, uma relação de particular proximidade e confiança” que terá beneficiado aquele grupo empresarial “ao arrepio das regras da livre concorrência e da contratação pública”.
Entre os contratos alvo de investigação criminal, de acordo com os documentos judiciais estão a concessão de serviço público de transporte rodoviário de passageiros na ilha da Madeira, a concessão do Teleférico do Curral das Freiras, o projeto da Praia Formosa e o Funchal Jazz 2022-2023.
