Médicos seniores demitem-se em apoio a estagiários em greve na Coreia do Sul

Agência Lusa , MM
16 mar, 12:03
Médicos (imagem Getty)

Estagiários estão em greve há quase um mês em protesto contra uma reforma do setor. Dezasseis das universidades que lecionam medicina declararam-se “massivamente a favor” do apoio aos jovens médicos

Médicos seniores da Coreia do Sul prometeram este sábado demitirem-se a partir de 25 de março, em apoio aos estagiários em greve há quase um mês em protesto contra uma reforma do setor.

Representantes de professores de medicina de 20 universidades da Coreia do Sul, que também são médicos chefes em hospitais universitários, reuniram-se este sábado.

O líder do grupo, Bang Jae-seung, disse que 16 das universidades declararam-se “massivamente a favor” do apoio aos jovens médicos.

Os professores de “cada universidade decidiram enviar cartas de demissão a partir de 25 de março”, disse Bang aos jornalistas.

“Chegámos a um consenso de que, até que a demissão seja finalizada, cada indivíduo terá de fazer o seu melhor para cuidar dos seus pacientes, como tem feito até agora”, sublinhou o dirigente.

Bang não revelou o número exato de professores que poderão deixar os cargos a partir de 25 de março.

A greve por tempo indeterminado foi lançada em 20 de fevereiro, contra a reforma do setor promovida pelo Governo da Coreia do Sul, que inclui o aumento do número anual de licenciados em medicina de 3.000 para 5.000.

A Associação Médica Coreana denunciou que estas medidas implicam uma carga insustentável para as universidades e não resolvem a falta de incentivos para escolher as especialidades mais mal pagas, como a pediatria, ou para preencher vagas em locais remotos.

Bang Jae-seung disse que os médicos não podiam aceitar tal aumento e pediu ao Governo que reconsiderasse o plano.

“Sem isso será impossível iniciar negociações”, disse, acrescentando que “se a situação continuar, os hospitais universitários entrarão em colapso em breve, o que será um duro golpe para o sistema médico”.

A greve perturbou o funcionamento dos hospitais da Coreia do Sul, obrigando a cancelar tratamentos cruciais e cirurgias.

Quase 70% (8.945) dos 13 mil médicos residentes do país entregaram cartas de demissão numa centena de hospitais universitários e a esmagadora maioria permanece ausente, apesar do Governo ter emitido uma ordem de regresso ao trabalho.

De acordo com a lei sul-coreana, os médicos, considerados trabalhadores essenciais, não podem fazer greve.

O Governo da Coreia do Sul anunciou na segunda-feira o início dos procedimentos para suspender as licenças de mais de 4.900 jovens médicos, o primeiro passo antes de uma suspensão administrativa de três meses.

Esta medida poderá ainda atrasar em mais de um ano o curso de especialização e quaisquer formações posteriores na carreira, já que os processos dos médicos vão ficar com a medida disciplinar e o motivo registados.

O ministro da Saúde sul-coreano, Cho Kyoo-hong, prometeu ser tolerante com os médicos que abandonem a greve antes de concluídos os procedimentos de suspensão.

A 03 de março, cerca de 30 mil médicos – 15 mil, indicou a polícia local – manifestaram-se nas ruas de Seul.

Ásia

Mais Ásia

Patrocinados