Comissão Europeia vai lançar investigação anti-subsídios a carros elétricos chineses

ECO - Parceiro CNN Portugal , Mariana Espírito Santo
13 set 2023, 08:57
Carros elétricos (imagem Getty)

A presidente da Comissão Europeia defende que os carros elétricos chineses "têm subsídios de Estado", o que "está a distorcer o nosso mercado". Acompanhe aqui em direto o discurso de von der Leyen.

A Comissão Europeia vai lançar uma investigação anti-subsídios a veículos elétricos da China, anunciou a presidente da Comissão Europeia no discurso sobre o Estado da União. Ursula von der Leyen garantiu também que Bruxelas vai “continuar a apoiar as indústrias europeias na transição energética”, prosseguindo com o chamado Green Deal europeu.

No setor dos veículos elétricos, von der Leyen destacou que “há um enorme potencial na Europa, mas os mercados globais estão inundados com carros elétricos baratos chineses que têm subsídios de Estado”, o que “está a distorcer o nosso mercado”.

A presidente do Executivo comunitário assegurou que a “Europa está aberta à competição”, mas salienta que também tem de se “proteger”. “Estamos abertos a diálogo”, concede, apontando que esta investigação vai ser feita a par com conversações com a China, nomeadamente na cimeira UE-China. Este diálogo é para “reduzir o risco, não dissociar”, ressalvou.

Ursula von der Leyen colocou o foco na competitividade europeia nos vários setores, anunciando também que pediu a Mario Draghi para “preparar um relatório sobre o futuro da competitividade europeia”, porque “a Europa fará o que for necessário” (whatever it takes, em inglês) para salvar a competitividade, fazendo referência à famosa frase do ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) durante a crise das dívidas soberanas.

A responsável europeia defendeu que é preciso “olhar mais à frente e dizer como nos mantemos competitivos”. Nomeadamente, notou, tendo em conta os três principais desafios que o bloco único atravessa: mercado de trabalho, inflação e ambiente de negócios.

Quanto às questões laborais, apontou que o desemprego que se previa não se verificou, mas agora existe o problema contrário: falta de mão-de-obra. “Em vez de milhões de pessoas à procura de empregos, milhões de empregos estão à procura de pessoas”, admitiu, reconhecendo a necessidade de medidas para colmatar a falta de competências.

Já no que diz respeito à inflação, von der Leyen admitiu que esse “grande desafio económico” ainda “levará algum tempo” a controlar. “Christine Lagarde e o Banco Central Europeu estão a trabalhar arduamente para manter a inflação sob controlo, mas o regresso ao objetivo de médio prazo do BCE”, de 2%, “levará algum tempo”, alertou a presidente da Comissão Europeia.

Segundo as mais recentes previsões da Comissão, a inflação na Zona Euro deverá ser de 5,6% em 2023 e 2,9% em 2024 (valor que foi revisto em alta devido à evolução dos preços da energia).

Para enfrentar estes desafios, avançam iniciativas como uma nova cimeira com os parceiros sociais, bem como a preparação de medidas para evitar o aumento de preços em certos setores, como aconteceu na energia. Já quanto ao ambiente de negócios, destacou que têm sido anunciadas propostas para simplificar as obrigações de reporte das empresas e facilitar os negócios.

Alargamento da UE é “interesse estratégico”. Políticas serão revistas

A presidente da Comissão Europeia abordou também neste discurso o tema do alargamento, apontando que o futuro da Ucrânia, dos Balcãs Ocidentais e da Moldávia é na União Europeia. Para von der Leyen, completar a União é “no interesse estratégico da Europa”, sendo que antes da entrada dos novos membros é também necessário rever as políticas para perceber que adaptações são necessárias.

“Temos de ter uma visão para um alargamento bem-sucedido”, apelou a presidente do Executivo comunitário, apontando que se for necessário poderão ser feitas mudanças nos tratados. Destaca ainda que a “adesão é baseada em méritos e a Comissão vai sempre defender este princípio”, mas salienta que “já há muito progresso”.

Quanto à preparação para o alargamento, que disse que “tem de ser catalisador para o progresso”, von der Leyen aponta que é necessário “olhar mais perto para cada política e ver como podia ser ajustada”. Assim, a Comissão vai “começar a trabalhar numa série de revisões pré-alargamento para ver que políticas têm de ser adaptadas, como as instituições iriam funcionar, o futuro do orçamento e como é financiado”, anuncia.

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