Cursos estão a aumentar mas faltam especialistas em cibersegurança

Agência Lusa , DCT
21 fev, 13:41
Cibersegurança (getty images)

Apesar da tendência crescente, especialistas que participaram num webinário dedicado ao relatório alertaram que não é ainda suficiente e que as necessidades do mercado exigem muitos mais profissionais especializados.

O número de cursos superiores em cibersegurança e segurança de informação continua a aumentar, mas faltam profissionais especializados na área, incluindo em temas como a inteligência artificial, alertam especialistas.  

De acordo com o relatório do Observatório de Segurança do Centro Nacional de Cibersegurança divulgado no final do ano passado, foram criados novos cursos especializados em cibersegurança e segurança de informação em 2023, totalizando agora 28 opções de formação.

A maioria são cursos técnicos superiores profissionais (13), havendo ainda 11 mestrados, três licenciaturas e um doutoramento.

Apesar da tendência crescente, especialistas que participaram esta quarta-feira num webinário dedicado ao relatório alertaram que não é ainda suficiente e que as necessidades do mercado exigem muitos mais profissionais especializados.

“Temos empresas contactarem, constantemente, a academia para colmatar as necessidades que têm. O mercado globalizado e a caça a talentos a nível internacional também colocou algumas questões na capacidade de retenção de talento”, disse Tiago Pedrosa, docente e investigador do Instituto Politécnico de Bragança.

Segundo Tiago Pedrosa, a maioria dos profissionais são formados em tecnologia da informação, mas muito poucos são especializados em cibersegurança e segurança de informação.

“A cibersegurança cobre diversas áreas e todas têm avançado tecnologicamente ao longo das últimas décadas”, acrescentou, por outro lado, o presidente da Associação Portuguesa para a Promoção da Segurança da Informação (AP2SI).

Num levantamento feito pela Associação, Jorge Pinto concluiu que muitos trabalham nas áreas de consultoria, auditoria e segurança ou implementação de soluções de segurança.

Em contraste, as maiores necessidades são em criptografia e criptanálise, ciência de dados, desenvolvimento de ‘software’ e inteligência artificial.

A resposta, acrescenta, deve passa pela sensibilização, formação e requalificação.

“Mas não vamos atingir os números de que necessitamos nos próximos anos”, alerta, defendendo a alteração de programas de licenciaturas e a criação de novos mestrados “direcionados especificamente para estes temas, equilibrados com as necessidades do mercado português”.

De acordo com o relatório, divulgado em dezembro, a maioria dos cursos especializados concentra-se no Norte e na Área Metropolitana de Lisboa, em instituições do ensino público.

O número de alunos inscritos em cursos do ensino superior especializados em cibersegurança e segurança da informação aumentou 24% em 2022/2023 e o de diplomados cresceu em 34% no ano letivo 2021/2022.

"A percentagem de mulheres inscritas nestes cursos foi de 10% em 2022/2023 e a de diplomadas foi de 7% em 2021/2022. Nos cursos de TIC [tecnologias de informação e comunicação] o valor de diplomadas é de 20,5%", indicam as estatísticas.

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