Xi Jinping quer acabar depressa com o conflito entre Israel e Hamas. E tem uma solução

CNN , Nectar Gan
20 out 2023, 18:00
Xi Jinping (Getty Images)

A solução de dois Estados para estabelecer uma Palestina independente é a "saída fundamental" para o conflito entre Israel e o Hamas, afirmou Xi Jinping esta quinta-feira, naqueles que foram os primeiros comentários públicos do líder chinês sobre a guerra desde o seu início, há quase duas semanas.

"A prioridade máxima agora é um cessar-fogo o mais rápido possível, para evitar que o conflito se expanda ou mesmo fique fora de controlo e cause uma grave crise humanitária", disse Xi Jinping, citado pela emissora estatal chinesa CCTV.

Xi, que fez os comentários durante uma reunião com o primeiro-ministro egípcio Mostafa Madbouly em Pequim, disse que a China está disposta a trabalhar com o Egipto e as nações árabes para "promover uma solução abrangente, justa e duradoura para a questão palestiniana", segundo a CCTV.

O líder egípcio esteve em Pequim para participar no Fórum "Belt and Road", um evento de alto nível que assinala uma década da ambiciosa e controversa iniciativa de Xi em matéria de infraestruturas globais.

Xi também elogiou o Egipto por ter desempenhado um "papel importante" no arrefecimento das tensões, acrescentando que a China apoia os seus esforços para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza, informou a CCTV.

Na quarta-feira, o Egipto concordou em autorizar a entrada de ajuda humanitária em Gaza através do posto fronteiriço de Rafah, num acordo mediado pelo Presidente dos EUA, Joe Biden, e pelo seu homólogo egípcio, Abdel Fattah el-Sisi, durante uma chamada telefónica.

O acordo foi alcançado durante a visita de sete horas que Biden efectuou a Israel na quarta-feira - uma missão diplomática de alto risco para mostrar um apoio firme ao aliado americano e, ao mesmo tempo, apelar à contenção na sua resposta em Gaza.

Mas ainda não é claro quando é que o comboio de ajuda será autorizado a entrar em Gaza, além de que o acordo inicial para 20 camiões representa uma fração dos 100 camiões por dia que a Organização Mundial de Saúde diz serem necessários.

O conflito, que começou depois de o Hamas ter lançado um ataque terrorista brutal e coordenado contra Israel, a 7 de outubro, que matou cerca de 1.400 pessoas, tem servido para mostrar as divisões cada vez mais profundas entre as potências mundiais.

O subsequente bombardeamento e cerco de Gaza por Israel matou cerca de 3.500 palestinianos, incluindo centenas de crianças, de acordo com as autoridades de saúde locais.

Horas antes de Biden aterrar em Israel, o Presidente russo, Vladimir Putin, chegou a Pequim para o Fórum. O líder diplomático isolado foi recebido como convidado de honra, sentado ao lado de Xi e falando logo a seguir a ele na cerimónia de abertura, antes de três horas de conversações bilaterais.

Durante o encontro, os dois líderes discutiram o conflito no Médio Oriente, que Putin afirmou ser uma "ameaça comum" que aproxima a Rússia e a China.

A China e a Rússia apelaram a um cessar-fogo no conflito e recusaram-se a condenar explicitamente o Hamas, o que contrasta com o apoio dado a Israel pelos EUA e pelos líderes europeus.

A recusa de Pequim em condenar o Hamas provocou a ira e um profundo sentimento de desilusão por parte de Israel, bem como críticas por parte de responsáveis norte-americanos. A China também não condenou a invasão da Ucrânia por Putin, o que provocou a ira de muitas capitais europeias.

À medida que a guerra de Israel se intensifica, Pequim tem vindo a apoiar mais fortemente os palestinianos. No passado fim de semana, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, acusou as acções de Israel de ultrapassarem "o âmbito da auto-defesa".

No entanto, a China tem procurado apresentar-se como um mediador neutro no conflito.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou que vai enviar o enviado para o Médio Oriente, Zhai Jun, à região esta semana para promover conversações de paz e pressionar para um cessar-fogo.

A China tem profundos interesses económicos tanto na Rússia como no Médio Oriente, que quer salvaguardar a todo o custo, em especial a importação de petróleo e gás.

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