“Parecia o fim do mundo. O cenário era apocalíptico”. Alexandre relata o caos vivido nos incêndios no Chile

4 fev, 19:31
Incêndio em Vina del Mar, Chile (AP)

Pelo menos 64 pessoas morreram nos incêndios que o governo do Chile descreveu como a maior tragédia no país em 14 anos. O viajante português Alexandre Bento Freire está no país e conta à CNN Portugal como têm sido estes dias com "cinzas por todo o lado e um cheiro intenso a queimado"

“Alerta emergência. Alerta emergência, Alerta emergência”. Os telemóveis não paravam de tocar, eram alertas atrás de alertas. Alexandre Bento Freire encontrava-se na praia de Vinã del Mar quando os incêndios florestais no Chile deflagraram na última sexta-feira. “O céu estava cinzento, os autocarros cheios, um caos total, o cenário era de um filme de apocalipse”, descreve o viajante português. 

Pelo menos 64 pessoas morreram nos incêndios florestais que assolam o Chile, revelou o Presidente Gabriel Boric, este domingo. Isso representou um aumento de 13 mortes em apenas um dia. “Sabemos que esse número vai crescer, vai crescer significativamente", afirmou Boric. 

Num relato apressado, e quase sem fôlego, à CNN Portugal, Alexandre recorda vividamente o dia em que o céu ficou negro: “Parecia o fim do mundo, um cenário apocalíptico. Não havia chamas perto da praia, apenas ventos fortes, areia a voar, cinzas por todo o lado, um cheiro intenso a queimado”. Ele respira e recorda os alertas contínuos da proteção civil instando à evacuação. "Saí para a estrada, as pessoas corriam, os autocarros enchiam-se rapidamente. Foi um dia de caos”. Para concluir, na mesma noite, registou-se um abalo sísmico. No entanto, Alexandre não dá muita importância a isso, experienciou tremores piores enquanto vivia em Taiwan. Mas nada do que viveu até aqui gerou tanto caos como os incêndios florestais do Chile. 

A costa chilena está coberta por uma densa nuvem de fumo negro, estendendo-se porquase 100 km desde o epicentro do incêndio. Alexandre pode atestar isso. Na praia de Vinã del Mar, era esse o cenário.

Alexandre está atualmente num hostel em Valparaíso, onde houve vários cortes de eletricidade, interruções na internet e no abastecimento de água. “As lojas estão fechadas, várias pessoas perderam as suas casas, a dona do hostel tem amigos que continuam desaparecidos, muita gente não sabe dos seus familiares", relata o viajante português.

Como turista, Alexandre diz que não sente diretamente o impacto dos incêndios, mas conhece muitas pessoas cujos familiares perderam as suas casas. “Tem sido muito complicado”, suspira. Também na zona de Cóncon muitas pessoas perderam as suas casas, só há um autocarro de hora a hora e muitas das estradas estão cortadas, relata. 

O prefeito de Viña del Mar, uma das cidades mais afetadas pelo incêndio, reportou 372 pessoas desaparecidas, enquanto o Presidente Boric declarou o "estado de exceção". 

O viajante deslocou-se à zona de Viana, perto das praias, e relata que apesar de estar tudo fechado, há algumas pessoas na rua. "Esta zona de praia está um pouco mais relaxada", explica. "Já vi muitas pessoas no autocarro com pás para ir ajudar no combate aos fogos". 

Este domingo em Vinã del Mar o céu já estava limpo, apesar do calor. Em contrapartida, na zona de Valparaíso o céu continua nublado e faz frio, descreve. 

Para já Alexandre vai ficar mais uns dias no Chile. Está a viajar há um ano e quatro meses, tendo como destino final a Patagónia. 

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