Câmara de Lisboa vai passar a celebrar o 25 de Novembro: "Todas as datas são importantes", diz Carlos Moedas

CNN Portugal , MJC e Agência Lusa - Notícia atualizada às 13:42
5 out 2023, 11:47

No discurso das comemorações do 5 de Outubro, presidente da Câmara de Lisboa justificou que "todas as datas são importantes" alertou para os perigos do "divórcio entre os políticos e as pessoas"

Para além das celebrações anuais do 25 de Abril, a Câmara de Lisboa passará a ter, a partir do próximo ano, "sempre uma grande iniciativa para celebrar o 25 de Novembro", anunciou o presidente da autarquia, Carlos Moedas, no seu discurso nas celebrações do 5 de Outubro, esta quinta-feira, na Praça do Município.

"Aproveito para anunciar que para além da data histórica do 25 de Abril festejaremos também com uma grande iniciativa o 25 de Novembro", anunciou

“Porque todas as datas são importantes”, justificou Moedas. No seu discurso, perante diversas entidades, entre as quais o primeiro-ministro, António Costa, e antes do discurso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Câmara de Lisboa destacou que há “datas que se tornam símbolos”, que podem ser reduzidos “a meros ritos cerimoniais, repetitivos e rotineiros” ou “datas lembradas no papel, mas sentidas com apatia pelas pessoas”.

“Podemos fazer deste 5 de outubro mais uma data celebrada pelos políticos, mas de certa forma ignorada pelas pessoas. Ou podemos olhar para ela como um tiro de partida para algo melhor”, disse. "Aproveito para anunciar que para além da data histórica do 25 de Abril festejaremos também com uma grande iniciativa o 25 de Novembro. Porque todas as datas contam", acrescentou.

Na terça-feira, em conferência de imprensa, o presidente da Assembleia da República disse que as comemorações dos 50 anos da operação militar de 25 de Novembro de 1975 estão ainda fora do programa oficial das comemorações parlamentares do cinquentenário da revolução do 25 de Abril de 1974 e da Constituição de 1976.

“Na comissão organizadora decidimos que seria assumido como programa as datas e os eventos que tivessem uma leitura consensual entre nós. Por isso, decidimos focarmo-nos na sequência da revolução de 25 de Abril de 1974, primeiras eleições livres, aprovação da Constituição e primeiras eleições para a Assembleia da República, Presidente da República, autonomias regionais e autárquicas”, justificou Augusto Santos Silva.

Ainda sobre esta questão do 25 de Novembro de 1975, o ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros ressalvou a seguir que tal “não significa que não venham a existir outras iniciativas de comemorações de outras datas”.

“Iniciativas de grupos parlamentares, da conferência de líderes ou de mim próprio nesse decurso”, completou.

Os perigos do "divórcio entre políticos e pessoas"

O presidente da Câmara de Lisboa alertou também que o divórcio entre a política e as pessoas pode criar um vazio “capturado pelas minorias barulhentas e os ativismos radicais” que podem levar ao fim do atual regime.

“É este o atual divórcio que todos sentem entre a política e as pessoas. A política tem que voltar a ser vista, sentida e vivida pelas pessoas. Mas entre este mundo imaginário e o mundo real das pessoas, o que é que há? Há um vazio, capturado pelas minorias barulhentas e os ativismos radicais. À falta de um ativismo social moderado que dê respostas concretas, é a estes que as pessoas se agarram”, disse o autarca, anfitrião das cerimónias oficiais do 05 de Outubro.

Moedas lembrou que “a República de 1910 autodestruiu-se também por causa dessas minorias barulhentas e desses radicalismos” e, por isso, o 05 de Outubro é “também uma lição histórica”.

“Quem fomenta esses radicalismos arrisca-se a colher, mais cedo ou mais tarde, a dissolução do regime. Não queiramos nós hoje, que caminhamos para os 50 anos do 25 de Abril, contribuir para um desfecho assim”, apelou.

É possível baixar impostos, diz Moedas

O presidente da Câmara de Lisboa defendeu ainda que é possível baixar os impostos, considerando que esse é um esforço que Estado central e autarquias têm de fazer.

O autarca de Lisboa dirigiu-se aos trabalhadores que fazem Portugal “todos os dias, com a sua dedicação”, muitos dos quais “pensam, com razão, que vivem sobrecarregados de impostos”, para lhes dizer que “é possível não trabalhar apenas para alimentar a máquina do Estado”.

“Sim, é possível diminuir os obstáculos à vossa vida. Todos temos de fazer este esforço: Estado central e autarquias”, afirmou.

Moedas acrescentou que, durante o seu mandato em Lisboa, a autarquia tem baixado os impostos.

“E para o ano baixaremos mais um ponto percentual, devolvendo aos lisboetas 4,5% do seu IRS. Gradualmente, mas com firmeza”, afirmou.

Durante o discurso, enquanto Moedas dizia que “hoje cabe aos políticos não se fecharem no mundo irreal, mas abrirem-se à realidade”, cerca de uma centena de pessoas que pretendiam assistir à cerimónia ficaram atrás das baias, colocadas a cerca de 150 metros do púlpito.

Entre o público, descontente por este ano estar afastado da cerimónia do 05 de Outubro, que também assinala o Dia do Professor, era audível o protesto de dois professores com cartazes com caricaturas de António Costa e do ministro da Educação gritavam “É uma vergonha” e “Eu quero ensinar a República na escola” e “A República não é uma festa privada”.

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