Nandrolona: Quim e Glauber podem não ser casos únicos

25 fev 2002, 17:08

Decisão sobre guarda-redes bracarense em Abril Há cerca de uma dezena de novos casos de nandrolona em excessoque poderão «rebentar» em breve.

Quim e Glauber podem não ser casos isolados no futebol português. A nandrolona é um problema que preocupa, cada vez mais, jogadores e clubes. Várias outras situações poderão ser tornadas públicas, até ao final da época, afectando jogadores da I e II Ligas.

Por enquanto, os nomes dos atletas em causa estão ainda em segredo, mas de acordo com o que o Maisfutebol apurou -- junto de algumas fontes conhecedoras do fenómeno -- poderemos estar a falar de um número superior a uma dezena de novos casos de nandrolona em excesso. Uma situação preocupante que, a confirmar-se, poderá dar mais argumentos a quem garante que estamos perante um fenómeno que põe em risco qualquer jogador de futebol.

Há poucos meses, antes ainda de serem tornadas públicas as situações de Quim e Glauber, Manuel de Brito, o presidente do IND e do CNAD, avisou num colóquio sobre doping, que, relativamente aos controlos do final da época passada, havia dúvidas em 31 análises, sendo que quatro delas acabaram por levar à sentença de «positivo», com o selo de nandrolona em níveis excessivos. Esses quatro casos foram os de Marco Almeida, Laelson, Paulo Pereira e Ronaldo.

Esta época, Quim e Glauber foram os casos já conhecidos. Mas poderá haver dúvidas em relação a outros jogadores. Ao que apurámos, entre oito e doze. A polémica científica que estalou a propósito da problemática da nandrolona veio aumentar as dúvidas e suspeitas sobre as causas que fazes disparar tantos casos. Primeiro, foi a nível internacional, com vários casos na Série A italiana (Fernando Couto, Davids, Guardiola, Stam e muitos outros) e um na Liga espanhola (o holandês Frank De Boer). Mais tarde, também em Portugal. O CNAD e o IND insistem em que se cumpra a lei, seguindo as determinações do COI de um limite de dois nanogramas/ml. Mas há especialistas que garantem que esse valor não prevê determinadas reacções endógenas.

A polémica fez criar uma guerra de palavras e de pareceres entre o CNAD e responsáveis de clubes, nomeadamente Braga e Boavista, os principais visados até ao momento. O CNAD segue as recomendações do COI e mesmo da FIFA, que recentemente se pronunciou sobre a temática, ratificando as punições já impostas a Stam e Guardiola.

Liga sentencia Quim em Abril

Mais prudente tem sido a Comissão Disciplinar da Liga. Sensível às dúvidas dos especialistas, e seguindo em concreto um parecer pedido a Félix Carvalho, professor de Toxicologia da Faculdade de Farmácia do Porto, os juízes da Liga despenalizaram Marco Almeida e Laelson. Paulo Pereira, porque jogava na Ovarense, estava sob a alçada da Federação, e conheceu pior sorte: foi penalizado.

O caso de Glauber já está a ser avaliado. Houve especialistas que já foram ouvidos e o próprio jogador já iniciou a sua defesa. A sentença do processo deverá ser conhecida durante o próximo mês de Março. Até lá, vale a suspensão preventiva. Quanto a Quim, e apesar de o guarda-redes bracarense já ter sido suspenso preventivamente, o caso vai demorar um pouco mais. A Liga ainda não o começou a avaliar e, de acordo com o que o Maisfutebol apurou, o processo de audição de testemunhas e avaliação de provas deverá demorar pelo menos um mês e meio. Por isso, nunca antes do início de Abril o caso ficará decidido. A tempo, no entanto, de Quim poder ser chamado para o mundial. No caso de ser despenalizado pela Liga, claro...

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