As taxas Euribor a 6 e 12 meses, os indexantes usados na maioria dos contratos de crédito à habitação, desceram face a outubro. Ainda assim, quem tiver o crédito revisto em dezembro ainda terá uma subida de prestação a pagar ao banco. Confira o seu caso
As taxas Euribor que servem de indexante à esmagadora maioria dos contratos de crédito à habitação em Portugal, a Euribor 6 meses e a Euribor 12 meses, desceram em novembro face ao valor registado em outubro, o que acontece pela primeira vez depois de dois anos em que estiveram sempre a subir. Nos últimos 24 meses a única exceção foi mesmo a Euribor 12 meses que, em agosto, recuou face a julho, mas voltou a subir nos meses seguintes. Agora, mesmo a Euribor 3 meses, apesar de ainda ter subido face a outubro, terá registado a subida mais baixa dos últimos dois anos.
Ainda sem ser conhecido o valor da Euribor desta quinta-feira, os dados de novembro dão mais um sinal de que o processo de subida das taxas que servem de indexante ao crédito à habitação já terá atingido o seu ponto máximo, depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter feito uma pausa na subida das suas taxas diretoras em outubro. A dúvida, agora, é saber por quanto tempo se manterão as taxas Euribor no atual patamar que, desde a criação do euro, só em 2000 e 2008 atingiram valores mais elevados. Uma dúvida cuja resposta está diretamente ligada ao que o BCE vier a fazer relativamente às suas taxas diretoras.
NOTA | O que são as taxas Euribor
Euribor é a abreviatura de Euro Interbank Offered Rate. As taxas Euribor baseiam-se nas taxas de juro que um conjunto de bancos europeus está disposto a pagar para emprestar dinheiro uns aos outros. No cálculo, os 15% mais altos e mais baixos de todas as cotações recolhidas são eliminados. As restantes taxas são calculadas como média e arredondadas a três casas decimais. O valor das taxas Euribor é determinado e publicado diariamente. Existem cinco taxas Euribor diferentes, todas com diferentes maturidades (uma semana, um mês, três meses, seis meses e 12 meses).
Para já, a instituição liderada por Christine Lagarde tem marcada uma reunião para o próximo dia 14 de dezembro, mas não é expectável que haja qualquer tipo de alteração de política monetária, continuando o BCE a monitorizar os dados da inflação e do crescimento económico da zona euro.
Hoje serão conhecidos os dados preliminares da taxa de inflação na zona euro relativos a novembro que irão permitir confirmar se a desaceleração da subida de preços que se verifica no conjunto dos países que partilham o euro se mantém, ou não. Em outubro, a taxa de inflação recuou para 2,9%, contra os 4,3% de setembro e os 10,6% do mês homólogo de 2022.
E se é um facto que a inflação tem estado a desacelerar perante a subida das taxas de juro, também é verdade que a atividade económica na área do euro se tem vindo a degradar perante o aperto da política monetária. No terceiro trimestre a economia da zona euro recuou, mas, ainda assim, no conjunto do ano deverá escapar à recessão.
NOTA | O BCE tem três taxas de juro de referência:
- A taxa das principais operações de refinanciamento, sob a qual os bancos podem contrair empréstimos junto do BCE pelo prazo de uma semana: está nos 4,50%, mas esteve fixada em zero entre março de 2016 e julho do ano passado;
- A taxa de depósito, que determina os juros que os bancos recebem pelos depósitos realizados junto do BCE: está em 4%. Mas entre julho de 2012 e junho de 2013 era de zero. E entre junho de 2013 e julho do ano passado era negativa, obrigando os bancos a pagar pelos depósitos que faziam no BCE;
- E a taxa de cedência de liquidez, que determina o juro que os bancos pagam quando contraem empréstimos junto do BCE pelo prazo de um dia (overnight). Está atualmente em 4,75%.
Será, assim, entre o balanço da desaceleração da inflação e do abrandamento da economia que, em 2024, o BCE tomará decisões sobre a política monetária. Para já, as expectativas que existem nos mercados são positivas e há mesmo quem acredite que a Christine Lagarde poderá descer as taxas de juro na segunda metade do próximo ano.
Segundo uma sondagem feita pela agência Reuters junto de 85 economistas, a opinião maioritária de 58% indicava que seria no terceiro trimestre do próximo ano, ou mais tarde, que o BCE realizaria um corte de taxas, e que a taxa de depósito estaria em 3,50% no final de setembro.
Prestação volta a subir em dezembro
Apesar da descida da média das Euribor 6 e 12 meses entre outubro e novembro, quem tiver o seu contrato de crédito à habitação a ser revisto em dezembro ainda sentirá uma subida da prestação a pagar ao banco uma vez que a comparação terá de ser feita com as taxas em vigor a três, seis ou 12 meses. Ainda assim, esta subida tem sido cada vez menor de mês para mês.
Num empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread de 1%, indexado à Euribor 6 meses, por exemplo, a subida da prestação a pagar ao banco em dezembro será de apenas quase 35 euros face à última revisão, feita em junho. Para o mesmo empréstimo, mas indexado à Euribor 12 meses, a subida face à última revisão será de pouco mais de 106 euros. E num empréstimo indexado à Euribor 3 meses, a subida não chegará aos 18 euros face à última revisão.
Confira o seu caso:
Quanto já aumentou e quanto vai subir em dezembro a prestação da casa
Empréstimo a 30 anos com spread de 1%
EURIBOR 3 MESES
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EURIBOR 6 MESES
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EURIBOR 12 MESES
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