Além de pagarem menos que a média dos bancos europeus, os bancos portugueses estão entre os que fazem uma maior distinção entre as poupanças dos particulares e das empresas
Diferenças na remuneração dos depósitos de empresas e famílias são comuns por toda a Zona Euro. Atualmente, entre os 20 Estados-membros, há apenas seis que pagam mais pelo aforro das famílias do que pelo das empresas, e Portugal não é um deles.
Segundo os últimos dados do Banco Central Europeu (BCE), em maio, o diferencial de taxas de juro dos depósitos até um ano das empresas e de particulares no espaço da moeda única era de 49 pontos base, com os bancos a pagarem, em média, 2,46% pelas poupanças das famílias e 2,95% pelas poupanças das empresas. Em Portugal, esse diferencial é 2,4 vezes superior à média da Zona Euro, atingido os 119 pontos base, o terceiro maior entre os bancos do espaço do Euro, sendo apenas superado pelos bancos eslovacos (154 pontos base) e espanhóis (120 pontos base).
Enquanto os bancos nacionais se limitam a pagar 1,18% pelos depósitos das famílias até um ano, oferecem o dobro pelas poupanças das empresas, remunerando os depósitos empresariais com uma taxa de juro média de 2,37%. Entre os bancos da Zona Euro, só os bancos eslovenos apresentam uma diferença de taxas de juro maior que os portugueses.
Isto significa que os bancos nacionais não só pagam menos pelas poupanças das famílias do que a média europeia, como são também dos que fazem uma maior diferenciação entre as poupanças dos particulares e das empresas.
Taxas de juros dos depósitos
Desde o início do ciclo de subida das taxas diretoras do BCE que os bancos nacionais que os bancos nacionais passaram a remunerar melhor as poupanças das empresas do que das famílias. Até então, desde outubro de 2011, que o movimento foi exatamente o contrário.
Desde junho do ano passado, um mês antes de o Banco Central Europeu (BCE) ter iniciado o ciclo de subidas das taxas de juro diretoras, que o rácio de taxas de juro dos depósitos se tem alargado em Portugal, encontrando-se atualmente num nível equivalente a 2,2 vezes acima da média dos últimos dez anos.
No entanto, os dados do Banco de Portugal mostram que nem sempre os bancos preferiram pagar melhor às empresas dos que aos particulares. Aliás, nas últimas duas décadas (séries completas do banco central para empresas e particulares), o diferencial de taxas de juro foi, em média, favorável às famílias, com os bancos a remunerarem as poupanças dos particulares com taxas, em média, 1,2 vezes acima da taxa de juro dos depósitos às empresas.
Portugal na cauda da Europa na remuneração dos depósitos
Atualmente, o diferencial de taxas de juro dos depósitos das empresas face ao que é oferecido às famílias é considerável. No entanto, não significa que as poupanças das empresas estejam a ser bem pagas — pelo menos em comparação com a média da Zona Euro.
Olhando para o último ano, verifica-se que, nos novos depósitos até um ano, os bancos nacionais deram uma autêntica cambalhota: se em maio de 2022 ocupavam a sexta posição do ranking dos bancos que melhor remuneravam as poupanças das empresas, hoje ocupam a sétima posição do ranking, mas dos que menos pagam pelos depósitos das empresas.
Nas famílias, houve também uma descida no ranking, mas a queda não foi tão expressiva porque a base inicial já era muito baixa: se hoje a banca nacional é a terceira que menos paga pelas poupanças dos particulares, há um ano já era a quarta pior.
Na altura, os bancos portugueses pagavam, em média, 0,04% pelos novos depósitos até um ano, quando a média da Zona Euro pagava 3,5 vezes mais. Hoje, a oferta da banca nacional é mais generosa, pagando 1,18%, mas ainda se mantém longe da remuneração média dos bancos do espaço da moeda única (2,37%).
Taxas de juro na Zona Euro
No espaço de um ano, apesar de a remuneração dos depósitos de empresas e particulares ter aumentado, os bancos portugueses afundaram no ranking dos bancos europeus que melhor pagam pelas poupanças dos seus residentes.