"Foi preciso recolher os civis debaixo dos escombros": líder do Batalhão Azov explica como é difícil retirar civis de Azovstal

CNN Portugal , BCE
3 mai 2022, 01:05

De acordo com o Sviatoslav Palamar, cerca de 600 pessoas continuam retidas no território da fábrica, "algumas gravemente feridas"

Um dos combatentes do Batalhão Azov, que está a defender o complexo siderúrgico de Azovstal, explicou à CNN Portugal como o processo de retirada de civis daquela fábrica está a ser dificultado pelos destroços espalhados no local e pelo desrespeito das forças russas.

Em entrevista exclusiva CNN Portugal (do mesmo grupo da TVI), o vice-comandante Sviatoslav Palamar contou que a Rússia "não está a respeitar o cessar-fogo". "A fábrica Azovstal está constantemente sob bombardeamentos russos. É bombardeada com artilharia naval, artilharia de rockets, tanques. Também somos alvo de bombardeamentos a partir de aviões", apontou.

Esta segunda-feira, "nenhum civil foi retirado do território de Azovstal", afirmou, lembrando, porém, que durante o fim de semana foi possível "retirar cerca de 100 pessoas", entre as quais "senhoras idosas e crianças menores, dos quatro aos 16 anos", mesmo com o atraso da abertura do corredor humanitário. Isto porque, no primeiro dia da evacuação, a retirada de civis estava prevista para as 06:00 da manhã, mas tal só foi possível às 18:25, disse.

Mas o processo de retirada de civis também está a ser dificultado pelos destroços que estão espalhados no local: "Foi preciso recolhê-los [aos civis] debaixo dos escombros, numa espécie de operação de busca e resgate. Também devo salientar que o território da fábrica está coberto de projéteis não detonados, como rockets, bombas e outros materiais perigosos. É muito difícil para as pessoas de idade e crianças passarem por tudo isto."

"Debaixo destes escombros estão ainda mais pessoas, mais civis. Seria muito bom se tivéssemos um equipamento especial, que nos pudesse ajudar a retirar as lajes mais pesadas. De qualquer forma, vamos manter as nossas posições", garantiu Palamar, admitindo esperar receber ajuda de organizações internacionais e de "políticos mundiais fortes" que consigam garantir o sucesso deste processo de evacuação.

De acordo com o vice-comandante do Batalhão Azov, cerca de 600 pessoas continuam retidas no território da fábrica, "algumas gravemente feridas". E o tratamento dos feridos também não é fácil, acrescentou, lembrando que o hospital local foi atingido por bombardeamentos, que destruíram a sala de operações. "Perdemos muitos equipamentos e os instrumentos cirúrgicos ficaram debaixo dos escombros", contou.

Nesta entrevista, Palamar lamentou a "reação lenta do Ocidente" perante a situação difícil que se vive em toda a Ucrânia: "Já estamos nisto há 68 dias e a cada novo dia há novas vítimas e novos crimes de guerra cometidos pelos militares russos."

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