Escolas fechadas e flores a cair dos céus. Dia de festa na Índia não escapa a polémica religiosa

22 jan, 10:01

 

 

 

 

Narendra Modi liderou consagração do grande templo em Ayodhya. Templo abre ao público na terça-feira e a sua direção espera 100 mil por dia durante os próximos meses

A inauguração do templo em homenagem ao deus hindu Ram em Ayodhya, na Índia, juntou milhares de pessoas esta segunda-feira num momento que está a ser considerado histórico para a maioria daquela religião. Helicópteros nos céus, flores a caírem e a serem distribuídas, e escolas fechadas.

A celebração, que acontece naquele que se acredita ser o local de nascimento do deus hindu, contou com o primeiro-ministro Narendra Modi, a quem coube o papel de liderar a consagração do grande templo. Segundo a agência Reuters, o evento está a ser visto como um elemento crucial para a campanha de Modi para o terceiro mandato nas eleições gerais previstas para maio.

"Toda a Índia está repleta de alegria e emoção devido à consagração de Shri Ram Lala em Ayodhya Dham", escreveu Modi no X.

Durante a consagração, Modi entoou versos religiosos hindus antes de depositar pétalas de flores aos pés do deus Ram e de juntar as palmas das mãos em oração, enquanto, no exterior, um helicóptero militar lançava pétalas sobre o templo e os milhares de pessoas que assistiam à celebração. De acordo com a Reuters, cerca de oito mil pessoas foram convidadas para a cerimónia, enquanto mais de dez mil agentes da polícia guardavam a cidade, sendo que a segurança também foi reforçada em todo o país, especialmente em cidades e vilas que sofreram tensões e conflitos entre hindus e muçulmanos no passado. 

A inauguração provocou um fervor religioso em toda a Índia, com muitos Estados a declararem feriado e milhares a decorarem as casas e as empresas, dando assim seguimento ao pedido de Modi que apelou a que a consagração fosse assinalado como um novo Diwali, o festival hindu da luz.

O templo inaugurado esta segunda-feira é o resultado do cumprir de uma promessa feita há 35 anos pelo Partido Bharatiya Janata (BJP), nacionalista hindu de Modi. No entanto, tem sido uma questão política controversa que ajudou a catapultar o partido para a proeminência e o poder.

Durante décadas, o local do templo foi objeto de uma disputa acesa entre os hindus e os muçulmanos minoritários, o que levou, em 1992, a motins de âmbito nacional que mataram centenas de pessoas, na sua maioria muçulmanos, depois de uma multidão hindu ter destruído uma mesquita do século XVI que ali existia. 

Os hindus da Índia afirmam que o local é o berço do deus Ram e era sagrado para eles muito antes de os muçulmanos Mughals terem arrasado um templo no local para construir a Babri Masjid, ou mesquita, em 1528. Em 2019, o Supremo Tribunal entregou o terreno aos hindus e ordenou a atribuição de um terreno separado aos muçulmanos, onde a construção de uma nova mesquita ainda não começou.

Ayodhya, uma antiga cidade com cerca de 76 mil habitantes no estado eleitoralmente significativo de Uttar Pradesh, é um importante local de peregrinação hindu e recebe milhões de visitantes todos os anos. Recentemente, a cidade foi objeto de uma grande remodelação em termos de infraestruturas, incluindo a construção de um novo aeroporto internacional, a renovação da estação ferroviária e a abertura de novas estradas e auto-estradas.

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