EUA reforçam presença militar na Austrália e convidam Japão a juntar-se

7 dez 2022, 05:43
Cimeira de ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros dos EUA e Austrália

As “ações perigosas e coercivas da China” estiveram no centro da cimeira entre os chefes da defesa e da diplomacia dos EUA e da Austrália. Presença rotativa de militares norte-americanos na Austrália vai aumentar e haverá reforço de bases aéreas e logísticas

 

Os Estados Unidos irão reforçar a sua presença militar na Austrália, com vista a contrariar o aumento da presença militar chinesa na região do Pacífico. As “ações perigosas e coercivas da China” estiveram no encontro das preocupações de um encontro em Washington entre os responsáveis de Defesa e dos Negócios Estrangeiros dos EUA e da Austrália, e foi nesse contexto que Lloyd Austin, o chefe do Pentágono, anunciou que haverá maior presença rotativa das forças aéreas, terrestres e marítimas norte-americanas na Austrália, incluindo aviões bombardeiros e caças.

"Isto inclui rotações de bombardeiros, caças e futuras rotações das capacidades da marinha e do exército dos EUA", disse Austin, acrescentando que os detalhes serão trabalhados pelos dois governos e anunciados futuramente.

Para além deste acordo bilateral, Austin disse que os dois países concordaram em "convidar o Japão a integrar” as “iniciativas de postura de força” que EUA e Austrália estão a preparar.

"Os Estados Unidos e a Austrália partilham uma visão de uma região onde os países podem determinar o seu próprio futuro. Infelizmente, essa visão está hoje a ser posta em causa. As ações perigosas e coercivas da China em todo o Indo-Pacífico, incluindo em torno de Taiwan, e em direção aos países das ilhas do Pacífico e nos mares Oriental e do Sul da China, ameaçam a paz e a estabilidade regionais", disse Austin, tendo ao lado o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e os responsáveis australianos pela Defesa, Richard Marles, e pelos Negócios Estrangeiros, Penny Wong.

Entre as medidas previstas neste reforço de presença, os EUA também tencionam posicionar armazéns, munições e combustível na Austrália para apoio às suas forças militares. Por outro lado, vão ser melhoradas bases aéreas no norte da Austrália - incluindo pistas e locais de estacionamento de aviões -, para permitir uma maior rotação das aeronaves norte-americanas.

Numa declaração conjunta, as duas partes disseram que "para reforçar a presença terrestre dos EUA", iriam também expandir os alojamentos para as forças do Exército dos EUA e do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA na Austrália.

Lloyd Austin também prometeu que, no que depender dos EUA, a Austrália não terá qualquer falta de capacidade nas suas forças navais, tendo-se comprometido a ajudar o parceiro a adquirir submarinos movidos a energia nuclear "o mais rapidamente possível". 

Recorde-se que, em 2021, EUA, Austrália e Reino Unido firmaram um novo acordo de Defesa (AUKUS) para fornecer à Austrália a tecnologia para a instalação de submarinos movidos a energia nuclear. esta quarta-feira os ministros da Defesa dos três países reúnem-se em Washington, e a frota de submarinos australiana será um dos pontos em discussão. 

Os Estados Unidos já têm uma forte presença no Norte da Austrália, onde milhares de fuzileiros norte-americanos rodam anualmente para treino e exercícios conjuntos. Para além disso, em outubro foi noticiado que os EUA tencionam enviar até seis bombardeiros B-52 com capacidade nuclear para uma base aérea no norte da Austrália.

Japão com lugar à mesa

O ministro da Defesa da Austrália reforçou a ideia de que Washington e Camberra querem que Tóquio se junte também a este esforço de aprofundamento dos laços de segurança comuns. Richard Marles disse que visitará o Japão no final desta semana, acompanhado da chefe da diplomacia australiana, e levará "um convite para o Japão participar em mais exercícios com a Austrália e os Estados Unidos".

O reforço da cooperação entre a Austrália e o Japão em matéria de Segurança e Defesa é uma realidade. Em outubro, os primeiros-ministros dos dois países assinaram uma declaração conjunta de segurança, muito focada nas ameaças colocadas pela crescente assertividade da China nas águas do Indo-Pacífico, incluíndo ambições de estender a sua influência até ao Pacífico Sul. O Japão e a Austrália anunciaram que irão partilhar informação dos respetivos serviços secretos sobre a atividade militar da China e as suas intenções nesta região. E é provável que o chefe do governo japonês, Fumio Kishida, convide a Austrália para a cimeira do G7, em Hiroshima, no próximo ano.

Essencial na defesa de Taiwan

Washington vê Tóquio e Camberra como parceiros estratégicos nos seus esforços para travar a China. Analistas citados pela agência Reuters dizem que a Austrália poderá ter um papel logístico crucial a desempenhar na defesa de Taiwan contra qualquer movimento de Pequim para recuperar a ilha. Os bombardeiros B-52 que os Estados Unidos planeiam estacionar no norte da Austrália têm capacidade para realizar operações, por exemplo, no Estreito de Taiwan

Em reação às conclusões da cimeira entre os EUA e a Austrália, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan disse que o governo de Taipé continuará a trabalhar em estreita colaboração com os Estados Unidos, a Austrália e outros países com interesses semelhantes. O objetivo é proteger a segurança no Estreito de Taiwan, expandir o espaço internacional de Taiwan e defender os sistemas democráticos e os valores partilhados.

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