O ataque da Rússia à Ucrânia significa que estes preços vão subir ainda mais

CNN , Julia Horowitz
25 fev 2022, 10:00
Combustíveis (EPA)

A decisão do presidente russo Vladimir Putin de invadir a Ucrânia pode fazer subir ainda mais os preços num momento em que a inflação já está a subir ao ritmo mais rápido das últimas décadas.

Os economistas correm para avaliar o impacto deste ataque, que pode desencadear a maior guerra na Europa desde 1945. É improvável que o conflito leve a economia global de volta a uma recessão, dizem, mas o tumulto nos mercados, a ameaça de sanções punitivas e a potencial perturbação no fornecimento já estão a fazer subir o preço da energia e de alguns produtos agrícolas. Em resultado disso, os consumidores pagarão mais pela gasolina e pelos alimentos.

“É provável que a inflação atinja níveis mais altos do que imaginávamos há apenas alguns dias”, afirmou Ben May, diretor de pesquisa macro global da Oxford Economics.

Eis o que pode ficar mais caro no mundo inteiro.

Combustíveis

Os preços globais do petróleo subiram acima dos 105 dólares por barril na quinta-feira, atingindo o valor mais alto desde 2014. Nos Estados Unidos, os preços do petróleo aproximaram-se dos 100 dólares por barril.

Isso fará com que seja mais caro para os consumidores encherem os depósitos. Nos Estados Unidos, o preço médio de um litro de gasolina subiu para os 0,93 dólares, em comparação com os 0,87 dólares de há um mês e os 0,70 dólares na mesma época do ano passado.

A administração Biden explora formas de conter o aumento dos preços da gasolina, embora não seja claro o que pode ser feito, dada a alta procura e a oferta limitada.

O preço do gás natural, que é usado para aquecer as casas e para alimentar a indústria, também está a subir. O preço de referência na Europa subiu 29%, para 114,65 euros por megawatt-hora na quinta-feira, segundo dados do Independent Commodity Intelligence Services.

Esse valor está abaixo do recorde alcançado antes do Natal, mas ainda assim, afetará as carteiras se os preços continuarem elevados. O Bank of America estimou anteriormente que as famílias europeias pagariam mais 650 euros pela energia, este ano, elevando o valor médio para 1.850 euros.

Os custos mais altos de energia também irão aumentar as despesas para as empresas. O combustível da aviação ficará mais caro para as companhias aéreas, potencialmente levando a um aumento nas tarifas aéreas, enquanto que os fabricantes que usam muita energia, como as siderúrgicas, ver-se-ão pressionados. Tudo isto pode ter repercussões na economia.

Alimentos

Os preços globais dos alimentos já estavam perto de um recorde dos últimos 10 anos. Agora, o conflito Rússia-Ucrânia pode piorar as coisas.

A Rússia é o maior exportador mundial de trigo, enquanto que a Ucrânia é um exportador importante de trigo e de milho. Também exportam óleos vegetais.

Os preços do trigo saltaram para o nível mais alto desde 2012, na quinta-feira. O preço do milho também disparou. A soja, que geralmente é negociada em linha com o milho, também subiu.

O Egito e a Turquia são os principais compradores do trigo russo. Mas não serão os únicos afetados se os carregamentos se atrasarem ou se as sanções atrapalharem as exportações.

“Independentemente do local para onde vão os alimentos, é óbvio que, se houver uma escassez geral no mundo, o preço irá aumentar”, disse May.

A Ucrânia ainda precisava de exportar 15 milhões de toneladas de milho e entre 5 a 6 milhões de toneladas de trigo nesta temporada, segundo o analista de bens de consumo do Rabobank, Michael Magdovitz.

Agora, os compradores como a China voltam-se para a Europa e para os Estados Unidos para preencher a lacuna. Se o conflito continuar, o abastecimento limitado pode tornar-se ainda mais limitativo.

“Se tivermos um conflito prolongado, teremos de encontrar uma quantidade muito maior”, disse Magdovitz.

Helima Croft, diretora de estratégia global de bens de consumo da RBC Capital Markets, disse que o risco de uma maior inflação dos preços dos alimentos “parece agudo” porque a Rússia e a Ucrânia juntas respondem por 25% das exportações globais de trigo, enquanto que a Ucrânia sozinha responde por 13% das exportações de milho.

E há outro golpe potencial para os agricultores: a Rússia é o maior produtor de nitrato de amónio, um componente-chave dos fertilizantes, acrescentou o RBC.

O Secretário da Agricultura dos EUA, Tom Vilsack, disse na quinta-feira que os consumidores europeus podem estar mais expostos a um aumento dos preços dos alimentos do que os norte-americanos.

Metais

O preço dos metais usados ​​numa ampla gama de produtos de consumo está a subir à medida que os investidores aprofundam as ramificações da invasão e avaliam se as sanções podem afetar o fornecimento.

“A Rússia é um grande produtor de metais, incluindo o alumínio e o níquel, e também um grande produtor de cobre”, disseram os analistas da S&P Global Platts. “Fontes do mercado acreditam que as quase certas sanções mais rígidas aplicadas ao comércio com a Rússia podem limitar ainda mais a oferta nos mercados globais, que já estão limitados."

Os preços do alumínio em Londres dispararam para um máximo recorde na quinta-feira.

A empresa russa Rusal, que já tinha sido alvo de sanções por parte dos Estados Unidos, é uma das maiores produtoras de alumínio do mundo. Se forem impostas novas sanções, os preços podem disparar.

Os preços já estavam elevados porque as fundições na Europa tiveram de reduzir a produção devido ao aumento dos custos de eletricidade. Mesmo que a Rusal não seja sancionada, o mais recente aumento nos preços da energia pode agravar a situação.

Metais como o alumínio são usados ​​em milhares de produtos em todo o mundo, desde latas para alimentos e bebidas até veículos e equipamentos eletrónicos.

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