A estrela de 'Walking Dead' Lennie James quer falar sobre a autenticidade do elenco

CNN , Jeevan Ravindran
2 fev 2022, 09:47
O ator Lennie James na festa de abertura oficial do Festival de Cinema de Sundance de 2018, a 19 de janeiro de 2018, em Park City, no Utah.

Lennie James quer mais debate no que diz respeito ao casting, no cinema e na televisão, enquanto Hollywood procura atribuir determinados papéis a mais atores com experiência real

O ator e argumentista britânico, mais conhecido por desempenhar o papel de pai devoto Morgan Jones na popular série de zombies da AMC "The Walking Dead", disse à BBC News que iria "desafiar" a noção de que alguns papéis só devem ser desempenhados por atores com determinadas identidades, a fim de preservar a autenticidade.

Contudo, na entrevista reconheceu que, em alguns casos, os atores raramente tinham a oportunidade de desempenhar papéis que se encaixavam nas suas próprias experiências.

"Quando os atores gays não tiveram oportunidade de desempenhar papéis de gays, ou atores incapacitados não foram considerados para a oportunidade de desempenhar papéis de incapacitados, nessa situação, faria certamente parte da conversa ao dizer: porque não?", afirmou. "Isso tem de mudar, sem dúvida."

O ator de 56 anos disse que as decisões teriam de ser tomadas "caso a caso" e que “declarações vagas” sobre casting não devem ser feitas, porque significaria que “o papel do ator muda ligeiramente e é ligeiramente diferente do que espero e rezo para que seja.”

A CNN contactou James para comentar.

A autenticidade tornou-se um tema quente em Hollywood, nos últimos anos, com muitos atores a mostrarem arrependimento por terem desempenhado papéis com identidades fora das suas esferas de experiências.

A atriz Maureen Lipman disse ao "Jewish Chronicle" que Helen Mirren não devia ter sido escolhida para representar a falecida primeira-ministra israelita Golda Meir num filme que vai estrear, compara a situação ao blackface e argumenta: "o judaísmo da personagem é tão importante."

Numa entrevista de novembro ao "Sunday Times", do Reino Unido, o ator Eddie Redmayne disse que desempenhar o papel da mulher transgénero Lili Elbe no filme de 2015 "A Rapariga Dinamarquesa" tinha sido um "erro," reconhecendo que "muitas pessoas não têm um lugar na mesa."

Entretanto, Darren Criss – que desempenhou as personagens homossexuais Blaine Anderson em "Glee" e Andrew Cunanan em "O Assassinato de Gianni Versace: American Crime Story" – disse à Bustle, em 2018, que não já seria "mais um rapaz heterossexual a desempenhar papéis de homem gay."

Esta discussão sobre a representação também se estende a personagens incapacitadas, com a atriz Octavia Spencer a apelar, em 2020, para escolherem mais atores com incapacidades, dizendo que "nada pode substituir a experiência real e a representação autêntica."

Contudo, outros atores defenderam as suas escolhas, com Cate Blanchett, que desempenhou uma lésbica em "Carol", de 2015, dizendo, em 2018, que "lutaria até à morte pelo direito de pôr a desconfiança de lado e desempenhar papéis acima da minha experiência."

Mais recentemente, Benedict Cumberbatch, que foi nomeado para um Golden Globe pelo seu desempenho de um cowboy sexualmente reprimido em "The Power of the Dog" de 2021, disse que o elenco foi escolhido "como atores" e que não foram obrigados e tornar pública a sua "orientação".

Contudo, alguns atores LGBTQ+ salientaram que não têm as mesmas oportunidades de desempenhar personagens heterossexuais, com Zachary Quinto a dizer numa entrevista de 2018 à SiriusXM que "essa porta não abre da mesma forma para os dois lados."

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