Área Metropolitana do Porto condena "veemente" qualquer decisão que implique esvaziamento do JN

Agência Lusa , SM
15 dez 2023, 20:52
Protesto de jornalistas do JN. (Imagem: Fernando Veludo/Lusa)

Mostra-se ainda disponível para ajudar a garantir a continuidade do jornal

A Área Metropolitana do Porto (AMP) condenou esta quinta-feira de forma “veemente” qualquer decisão que acarrete o esvaziamento do Jornal de Notícias (JN), em detrimento de outros, mostrando-se disponível para colaborar em soluções que assegurem a sua continuidade.

A Área Metropolitana do Porto (AMP) aprovou uma moção de apoio aos trabalhadores do Jornal de Notícias, condenando de forma “veemente” qualquer decisão que acarrete o esvaziamento daquele título, em detrimento de outros.

A moção de solidariedade foi apresentada na reunião de hoje pelo presidente da Câmara de São João da Madeira, Jorge Sequeira, que sublinhou o papel instrumental e decisivo, daquele título no contexto do país e da região.

Considerando o JN um dos pilares do Estado de Direito democrático português, o autarca expressou a sua solidariedade para com os trabalhadores do JN que atravessam um “momento muito difícil”.

“Sem imprensa livre, não há estado de direto democrático. É uma questão gravíssima”, assinalou.

Subscrevendo integralmente a intenção da moção proposta, Emídio Gomes, autarca de Santa Maria, defendeu, contudo, que a AMP deve tomar uma “posição mais firme”, considerando que as medidas anunciadas pelo Global Media Group (GMG), nomeadamente a intenção de despedir entre 150 a 200 trabalhadores, 40 no Jornal de Notícias, vão conduzir o título “a uma irrelevância”.

Para Emídio Gomes é preciso uma atuação concreta que deixe claro o “profundo descontentamento” dos autarcas da região.

Uma posição também defendida pelo autarca da Trofa que considera que “a solidariedade não basta, tem de haver ação”.

Sérgio Humberto, que sugeriu que fosse solicitada uma reunião com a administração do GMG, questiona o reforço do Diário de Notícias que “vende 700 jornais em banca”, em contraponto com os despedimentos anunciados para o JN que “vende mais de 20 mil”.

O vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, defendeu também que os autarcas não podem ser passivos perante esta “putativa perda”, salientando que é muito diferente ter um jornal nacional feito com uma visão a partir do Porto.

“Estão se a despedir jornalistas na cidade do Porto, para contratar em Lisboa, temos que ser consequentes”, disse.

No texto, aprovado hoje por unanimidade, o Conselho Metropolitano do Porto expressa “grave preocupação com os acontecimentos que implicam o Jornal de Notícias (JN)”, repudiando veementemente qualquer decisão que acarrete o esvaziamento da redação e da estrutura operacional do JN, em detrimento de outros títulos, assim prejudicando a pluralidade de conteúdos informativos necessária à afirmação do todo nacional.

Manifesta ainda a sua disponibilidade para colaborar nas soluções necessárias que assegurem a continuidade do título e do cumprimento do seu verdadeiro papel.

Neste momento de “incerteza”, expressam ainda solidariedade com todos os trabalhadores do JN saudando o seu profissionalismo e dedicação ao papel social da imprensa.

À margem, em declarações aos jornalistas, o presidente da AMP apelou a que seja feita uma reavaliação das medidas anunciadas pelo GMG por forma a garantir a continuidade do JN como “pilar fundamental”, mas alertou que é necessário refletir sobre o financiamento do setor.

“Aqui estamos 17 políticos, presidentes da câmara, e há um que sou eu, com uma acusação de ter financiado o JN numa conferência para obter notícias positivas. Enquanto a lei olhar para isto desta maneira, é evidente que não vai haver condições para ajudar a imprensa e portanto temos de olhar para este momento e perguntar se há condições para a comunidade se organizar para além de fazer votos e moções. Porque verdadeiramente, no atual estado de medo em que as pessoas vivem, a melhor solução é não decidir”, defendeu.

No dia 06 de dezembro, em comunicado interno, o GMG avançou que iria negociar "com caráter de urgência" rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar "a mais do que previsível falência do grupo".

Na sequência do processo de reestruturação que prevê reduzir até duas centenas de trabalhadores, as direções do Jornal de Notícias, TSF, O Jogo e do Dinheiro Vivo (DV) apresentaram esta semana a sua demissão.

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