Cinema português perdeu uma referência e "uma pessoa de lutas cívicas". As reações à morte de António-Pedro Vasconcelos

CNN Portugal , AM com Lusa
6 mar, 11:26

Realizador português morreu aos 84 anos

António-Pedro Vasconcelos morreu morreu esta quarta-feira, aos 84 anos (faria 85 no domingo) e, segundo Nuno Santos, diretor da CNN Portugal, era um homem que "amava o seu país, amava o seu Benfica", e tinha "uma capacidade de reinventar, quebrou a desconfiança que os portugueses tinham sobre o cinema português". Mais: "Dizia aquilo que pensava com muita clareza, muitas vezes as suas opiniões eram controversas - era muito direto".

Na CNN Portugal, Nuno Santos explicou quem foi António-Pedro Vasconcelos, um homem de esquerda, um homem de convicções que se fazia notar - por ser alto, tão alto na aparência mas também no pensar. 

Também Vítor Moura, jornalista da CNN Portugal, explicou quem foi António-Pedro Vasconcelos, dentro do cinema mas também além dele, lembrando que foi o cineasta que descobriu Daniela Melchior.

Para além disso, foi também uma voz ativa sobre o aeroporto, com a Associação Peço a Palavra, que se bateu publicamente contra a privatização da TAP.

Por sua vez, o Presidente da República lamentou a perda de "um dos críticos e cineastas que prolongaram a esperança num cinema novo português, desalinhado do regime e alinhado com o cinema europeu".

"Dirigiu documentários, uma ficção, e depois da Revolução esteve com o cinema militante. Na sequência de «O Lugar do Morto» (1984), à época o maior sucesso de bilheteira nacional, António-Pedro Vasconcelos viria a destacar-se como defensor e praticante de um cinema de grande público, projeto que nunca abandonou e que se tornaria uma polémica recorrente, pois dizia respeito tanto aos modos de financiamento como às próprias ideias de cinema e de público. Homem culto, frontal, interventivo e intempestivo, gostava de literatura, da clareza e acutilância da prosa de Stendhal, dos grandes mestres do cinema clássico americano, e envolveu-se em campanhas políticas e em combates cívicos, ligados por exemplo à RTP e à TAP. Também professor, cronista e ensaísta, esteve ligado ao decisivo Centro Português de Cinema e à Associação Portuguesa de Realizadores. Em tudo o que fez, foi figura destacada no nosso espaço público do último meio século. Com antiga e grande amizade, o Presidente da República manifesta à Família de António-Pedro Vasconcelos o seu pesar e o seu reconhecimento", lê-se na nota da Presidência.

Também o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva lamentou a morte do cineasta, "figura decisiva da renovação do cinema português". 

Já o presidente da Academia Portuguesa de Cinema, Paulo Trancoso, lamentou a morte do realizador, dizendo que o cinema português perdeu uma referência e "uma pessoa de lutas cívicas".

“É uma figura marcante da nossa vida, digamos do pós-25 de Abril especialmente, e que marcou muito a área da cultura, do cinema e da escrita. É uma referência, para muitos de nós, que hoje infelizmente nos deixa”, disse Paulo Trancoso à agência Lusa.

O Sport Lisboa e Benfica prestou homenagem a António-Pedro Vasconcelos, “um homem da cultura e de benfiquismo devotado e sem limites”.

“A morte de um dos cineastas portugueses de maior reconhecimento deixa a cultura portuguesa mais pobre”, lê-se na nota de pesar publicada pelo Benfica na página oficial.

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