Macron quer António Costa, Scholz também, mas outros deixaram de querer até as pessoas "à volta de Costa" serem ilibadas: "Politico" faz revelações

7 mar, 10:53
António Costa e Emmanuel Macron (Mohammed Badra/ Lusa)

O ainda primeiro-ministro português faz manchete numa das mais influentes revistas na Europa - que analisa as possibilidades de António Costa chegar à liderança do Conselho Europeu

António Costa é a capa da revista Politico desta semana e, no longo artigo sobre o seu papel como primeiro-ministro, a questão que fica é se político português vai conseguir "limpar o nome" para liderar o Conselho Europeu. 

O primeiro-ministro demissionário, que saiu do Governo a 7 de novembro no meio do furacão da Operação Influencer, fala à revista na residência oficial - que "foi alvo de buscas em novembro" por Costa ser suspeito de uma coisa que "nem sequer" sabe.

"Nem sequer sei de que é que sou suspeito porque isso nunca foi dito explicitamente. Ninguém falou comigo sobre este assunto, as únicas coisas que sei são o que toda a gente sabe", afirma Costa, referindo-se às fugas de informação publicadas na imprensa.

E terão sido essas buscas o golpe na popularidade de Costa na corrida a presidente do Conselho Europeu, ele que era um dos favoritos a substituir Charles Michel? Os socialistas europeus queriam escolher alguém que não trouxesse problemas, uma vez que os dois mandatos do belga foram marcados por controvérsias, mas o facto de Costa estar envolvido na Operação Influencer pareceu prejudicar a sua candidatura.

A Politico escreve que o "candidato ideal é agora alguém que não use o cargo como trampolim para as suas ambições pessoais mas que, em vez disso, se limite à agenda e se concentre em estabelecer compromissos - tudo coisas que o primeiro-ministro português é conhecido por fazer bem". "Poucos em Bruxelas argumentariam que Costa não tem as qualidades necessárias para o cargo, mas começa-se a perceber que virá com um camião cheio de bagagem."

À revista, diplomatas europeus garantiram que, embora Costa continue a ser a escolha favorita do presidente francês, Emmanuel Macron, e do chanceler alemão, Olaf Scholz, outros líderes repensaram o apoio a uma possível candidatura pela sua ligação à operação Influencer.

"Alguns deles dizem que a absolvição de Costa não será suficiente, as pessoas que o rodeiam também têm de ser ilibadas, para dissipar qualquer tipo de suspeita", afirma um dos diplomatas.

Costa confiante

Apesar dos diplomatas acharem que que "a absolvição de Costa não será suficiente", o político português está confiante de que acabará por ser ilibado das suspeita, apesar de reconhecer que o sistema judicial português é lento e isso pode demorar.

"Não sei quantos capítulos terá esta história em particular. Mas estou certo de que o último envolverá o reconhecimento de que não fiz nada de ilegal, que não testemunhei nada de ilegal e que não houve nada de censurável no meu envolvimento em qualquer um destes processos", afirma António Costa à revista.

Mas não é o único a dar declarações à Politico. Um alto funcionário português que trabalhou durante anos com Costa prestou declarações de forma anónima e garantiu que o socialista "é movido por objetivos". "Está sempre à procura de soluções criativas... Incluindo algumas que, por vezes, são demasiado criativas."

Também Marques Mendes, que trabalhou com Costa durante vários anos, afirma que "este caso é uma pena" e que não acredita "que o primeiro-ministro venha a ser acusado, mas se a investigação ainda estiver em curso quando chegar a altura de fazer a escolha não creio que possa ocupar esse lugar" de presidente do Conselho Europeu.

"Ter Costa como presidente do Conselho Europeu seria uma honra para Portugal e ter um eurófilo tão óbvio no cargo seria bom para a Europa. Toda a gente sabe que ele quer o cargo e tem capacidade negocial para fazer acordos entre a esquerda e a direita", afirma ainda Marques Mendes.

O Político escreve mesmo que "poucos em Lisboa acreditam que o próprio Costa seja corrupto: a reputação pessoal do líder socialista manteve-se imaculada durante três décadas em funções executivas no Governo português".

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