Um ataque para todas as soluções, assente na organização de Benítez
Ponto forte: dinâmica ofensivaO ataque do Nápoles é digno das melhores equipas da Liga dos Campeões. Higuaín e Callejón, recrutados ao Real Madrid, já se conhecem muito bem, e a sintonia alastrou-se ao jovem Insigne, especialmente, mas também a Hamsik e Mertens. Uma frente de ataque muito móvel e dinâmica, com constantes trocas de posição e boa exploração dos espaços. Difíceis de travar e perigosos em qualquer situação de jogo.
Ponto fraco: permeabilidade lateral
O setor defensivo do Nápoles não está ao nível do ataque, tanto a nível individual como nas rotinas coletivas. Destaca-se aqui a permeabilidade nas laterais, sobretudo do lado esquerdo. Face à saída de Armero e à lesão de Zuñiga, sobram duas opções: o experiente Réveillère, lateral direito de raiz, com 34 anos; ou o internacional argelino Faouzi Ghoulam, de 23 anos, contratado no mercado de inverno, e ainda a fixar-se na equipa.
Principal ameaça: Gonzalo Higuaín
Terminada a relação de amor-ódio com o Real Madrid, o internacional argentino mudou-se para Itália e está a fazer uma grande temporada. Revela excelente entendimento com Callejón, que já conhecia dos «merengues», mas também com Insigne, Mertens, Hamsik ou Pandev. A sua mobilidade combina muito bem com a forma de jogar dos colegas, que aparecem muito nem no espaço. Com 20 golos é o melhor marcador da equipa, a distância considerável de Callejón (15), mas também o jogador com mais assistências (11), o que diz muito da sua influência na manobra da equipa.
Onze base:
Reina:
Maggio:
Federico Fernández:
Albiol:
Ghoulam:
Inler:
Dzemaili:
Callejón
Hamsik
Insigne
Outras opções:
O «onze» do Nápoles está bem definido, mas Rafa Benítez tem algumas alternativas em que aposta com frequência, como Pandev ou Mertens. O primeiro vai alternando com Hamsik nas costas de Higuaín, e de vez em quando até substitui mesmo o argentino na frente, em detrimento do possante Zapata, colombiano ex-Estudiantes que só tem três jogos a titular. Mertens é uma alternativa sobretudo a Insigne, embora por vezes também dê descanso a Callejón.
Behrami tem estado lesionado, mas de qualquer forma é outra possibilidade para o «duplo pivot» de meio-campo, dominado por suíços. A exceção é o italo-brasileiro Jorginho, recrutado recentemente ao Hellas Verona.
Benítez também costuma dar alguma rotatividade no eixo da defesa, até pela chegada de Henrique (ex-Palmeiras), e tem ainda o uruguaio Britos. Réveillère é, como já referido, uma alternativa a Maggio mas também com a possibilidade de ser adaptado ao lado esquerdo.
Análise detalhada:
O Nápoles de Rafa Benítez tem sido fiel a um esquema de 4x2x3x1,embora com uma ligeira diferença se a unidade atrás do ponta de lança é Hamsik, que tem mais perfil de «playmaker», ou Pandev, que funciona mais como segundo avançado.
O adversário do FC Porto nos oitavos de final da Liga Europa tem uma frente de ataque muito dinâmica, que explora muito (e bem) as diagonais [imagem A]. Insigne, Callejón ou Mertens movimentam-se inteligentemente para o espaço interior, e é assim que criam desequilíbrios, e não pelo corredor. Quer a aparecer no interior da área, junto de Higuaín, ou fora da mesma, em permutas com Hamsik.
Praticam um futebol muito apoiado, com as unidades ofensivas muito próximas, à procura de triangulações, mas são também pragmáticos, pela rapidez de processos e pela facilidade de remate.
A boa ocupação do espaço interior pelos extremos é visível também na organização defensiva, momento do jogo em que o Nápoles se apresenta em 4x4x2, com Hamsik (ou Pandev) a juntar-se a Higuaín no corredor central [imagem B]. Os elementos do «duplo pivot» sobem no terreno sempre que é preciso acompanhar um médio contrário que vai buscar jogo, e isso por vezes cria um espaço entre linhas, à frente dos centrais, que pode ser explorado pelo FC Porto. Até porque os centrais também têm tendência para acompanhar o recuo no terreno dos avançados, desprotegendo a zona central defensiva [imagem C].
Refira-se, em todo o caso, que este Nápoles é uma equipa que defende bem. Fiel aos princípios de Benítez, no fundo, como se percebe pelo escasso risco ofensivo assumido pelos laterais. E mesmo ofensivamente, a formação italiana privilegia um ataque seguro, consolidado, para não ser apanhado em contra-pé, apesar de ter unidades muito fortes a explorar a transição rápida.
O peso dos lances de bola parada é residual, tanto ofensivamente como defensivamente (22 e 28 por cento, respetivamente). Até porque no ataque há que contar cinco penaltis (quatro de Higuaín e um de Mertens).