Faltavam apenas dois dias para as crianças pequenas desta escola primária do Texas entrarem em férias de verão quando um atirador, usando colete à prova de bala, entrou e abriu fogo nas salas de aula, matando 19 alunos e dois adultos.
O ato violento abalou uma nação que ainda recuperava de outro tiroteio em massa apenas 10 dias antes. Os pais esperaram até tarde na noite num centro cívico próximo, para saber se os seus filhos tinham sobrevivido. Alguns deles disseram à CNN que tiveram de fornecer amostras de DNA para ajudar as autoridades a identificar as crianças.
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Acredita-se que o atirador de 18 anos, que foi morto pela polícia, baleou a sua avó antes de conduzir até à escola para perpetrar o ataque, de acordo com o Departamento de Segurança Pública do Texas.
Ao tentar entrar na escola, foi abordado por agentes da polícia do distrito escolar, disse o sargento Eric Estrada, mas mesmo assim conseguiu entrar no prédio e em várias salas de aula. Segundo as autoridades, estava armado com uma espingarda e carregava uma mochila.
O trágico acontecimento desta terça-feira marca o mais mortal tiroteio numa escola em quase uma década, desde que 26 crianças e adultos foram mortos na escola Sandy Hook em 2012. É também pelo menos o 30º tiroteio numa escola K-12 [do ensino primário e secundário] em 2022, de acordo com a contagem da CNN.
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Num discurso à nação na noite de terça-feira, o presidente Joe Biden relembrou o tiroteio em Sandy Hook, que ocorreu quando ele servia como vice-presidente. "Esperava que, quando me tornasse Presidente, não tivesse de fazer isto outra vez ", disse. "Quantas crianças que testemunharam o que aconteceu - verem os seus amigos morrer como se estivessem num campo de batalha, pelo amor de Deus. Eles viverão com isto para o resto das suas vidas."
LEIA TAMBÉMPorque os Estados Unidos não conseguem mudar a lei das armasÀ medida que o último dia de aulas se aproximava, os alunos da escola Robb Elementary estavam a celebrar o fim do ano em dias especiais de vestimentas temáticAs, incluindo o tema desta terça-feira "Descontraído e estravagante". Os alunos foram incentivados a ir vestidos com roupas bonitas e calçado divertido, de acordo com uma publicação na página da escola no Facebook.
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Mas na tarde de terça-feira, os estudantes abalados pela tragédia em massa acabaram levados de autocarro para um centro cívico transformado em local de encontro para sobreviventes e as suas famílias. À medida que a noite avançava, os pais das jovens vítimas começaram a descobrir que os seus filhos não haviam sobrevivido ao massacre.
"Vemos pessoas a sair aterrorizadas. Um por um, estão a chorar. Estão a ser informados de que o seu filho morreu", relatou o senador Roland Gutierrez à CNN na noite de terça-feira.
Eis os últimos desenvolvimentos:
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Quando as notícias do tiroteio surgiram em Uvalde, os pais da escola Robb Elementary foram informados de que os alunos estavam a ser levados para o Centro Cívico SSGT Willie de Leon, de acordo com uma publicação na página do Facebook do distrito escolar.
O centro cívico tornou-se rapidamente o epicentro das famílias que procuravam os filhos, embora cenas de devastação tenham começado a acontecer à medida que as vítimas foram identificadas durante a noite.
Pelo menos quatro famílias contaram à CNN que os pais foram solicitados a recolher amostras de DNA para confirmar o relacionamento com os filhos, e instruídos a esperar uma hora pela resposta.
Um pai, que acabara de receber a notícia de que o seu filho estava morto, tentou travar as lágrimas quando vários dos seus primos o abraçaram. A poucos metros de distância, uma avó que acabara de conduzir desde San Antonio disse que não pararia de rezar pela sua neta de 10 anos, enquanto esperava pelos resultados do DNA.
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No centro cívico, funcionários da cidade distribuíam pizza, lanches e água às famílias. Alguns pais esperaram em silêncio ou soluçando baixinho, enquanto um grupo de crianças se sentava no chão a brincar com ursinhos de peluche. Um grupo de padres e capelães locais chegou e ofereceu apoio às famílias.
Na noite de terça-feira, algumas famílias ainda não se tinham reunido com os seus filhos e estavam sem notícias, segundo Gutierrez. "Temos pessoas que ainda não tiveram os filhos identificados", contou ele à CNN durante a noite de terça-feira. "Neste momento, ainda estão a fazer correspondência de DNA."
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No seu discurso, Biden evocou a sua própria experiência como pai que perdeu filhos, dizendo que há agora "pais que nunca mais verão os seus filhos, nunca os farão saltar na cama e abraçar-se a eles. Pais que nunca mais serão os mesmos. Perder um filho é como ter um pedaço da alma arrancado."
A escola Robb Elementary teve 535 alunos no ano letivo de 2020-21. Cerca de 90% dos alunos são hispânicos e 81% são economicamente desfavorecidos. O condado de Uvalde, localizado a cerca de 135 quilómetros a oeste de San Antonio, tinha uma população de cerca de 25.000 no Censo de 2020.
Horas depois do tiroteio, as pessoas do bairro à volta da escola sentaram-se com as suas famílias do lado de fora das casas, algumas reunindo-se com os vizinhos e tentando entender o que ocorrera a poucos quarteirões de distância. Adela Martinez e o seu marido Paul Martinez, ex-membro do conselho da cidade, disseram que podiam sentir a dor e a tristeza a expandir-se pela cidade. "Aqui somos como uma grande família. Você pode esperar algo assim em grandes cidades como Nova Iorque, mas em Uvalde? Se aconteceu aqui, pode acontecer em qualquer lugar", disse Adela Martinez.
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O atirador de 18 anos era aluno da Escola Secundária de Uvalde.
Apenas três dias antes do massacre de terça-feira, uma foto de duas armas estilo AR-15 apareceu numa conta do Instagram vinculada a Ramos.
Um dos ex-colegas de Ramos disse à CNN que o atirador havia parado de frequentar a escola regularmente. "Ele mal veio à escola", disse o amigo, que não quis ser identificado. Acrescentou que Ramos lhe havia enviado recentemente uma foto de uma AR-15, uma mochila com cartuchos de munição e vários carregadores de armas. "Eu fiquei tipo, 'Mano, porque tens isso?' e ele respondeu: 'Não te preocupes com isto'".
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"Começou por me mandar uma mensagem: 'Estou muito diferente agora. Tu não me reconhecerias'", acrescentou o amigo.
Ramos trabalhava numa loja local da Wendy's, confirmou o gerente do restaurante à CNN. O gerente da noite, Adrian Mendes, disse que Ramos "estava quase sempre metido consigo mesmo" e "não socializava muito com os outros funcionários... Ele apenas trabalhava, era pago e vinha receber seu cheque".
Comunidades que sofreram tiroteios expressam solidariedade
Os entes queridos das vítimas e membros da comunidade em luto pela perda de 21 moradores de Uvalde juntam-se a um número crescente de americanos devastados por tiroteios em massa e em particular tiroteios em escolas.
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Até agora, houve mais tiroteios em massa do que dias em 2022. Terça-feira, 24 de maio, marcou o 144º dia do ano e houve pelo menos 213 tiroteios em massa este ano, de acordo com o Arquivo de Violência Armada.
Tanto a CNN quanto o arquivo “Gun Violence” definem um tiroteio em massa como aquele em que quatro ou mais pessoas ficam feridas ou são mortas, sem contar com o atirador.
Pais de crianças que morreram na escola primária de Sandy Hook e Parkland, Flórida, expressaram apoio à comunidade de Uvalde e expressaram frustração sobre a linguagem partilhada de perda que a violência armada cria a tantas famílias.
A filha de Fred Guttenberg, Jaime, foi uma das 17 pessoas mortas num tiroteio na Marjorie Stoneman Douglas High School, em Parkland, em 2018. "Não consigo hoje parar de pensar nestas famílias que precisam de descobrir como vão enterrar os seus filhos, que precisam de descobrir como vão consolar os seus outros filhos", disse. “E não consigo parar de pensar nessa comunidade que precisa de descobrir como se vão reunir todos, como vão todos cuidar uns dos outros depois disto”.
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Nicole Hockley, cujo filho Dylan foi morto no tiroteio em Sandy Hook, co-fundou a Sandy Hook Promise Foundation, organização sem fins lucrativos que trabalha para prevenir a violência armada. Ela disse que trabalhar na organização sem fins lucrativos lhe deu um propósito após a morte de Dylan e encorajou os pais a saber que a alegria ainda é possível depois da perda.
"É possível, mas com certeza não é fácil. Eu tenho um filho sobrevivente que amo com toda a minha vida. Ele traz-me alegria", disse.
Para a comunidade de Uvalde, há agora "um exército de sobreviventes" para apoiá-los, disse Guttenberg. Questionado sobre se tinha conselhos para as famílias enlutadas de Uvalde, Guttenberg citou as palavras do seu rabino, no funeral de sua filha: "Nós não seguimos em frente, nós avançamos ".
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