Covid-19: estudo da Nature revela que dois terços dos investigadores são atacados

4 jan 2022, 07:02
Negacionistas da covid-19

Inquérito a mais de 300 especialistas divulgado por esta publicação científica indica que mais de 40% assume ter sofrido de ansiedade emocional e psicológica. Muitos foram ameaçados de morte ou de violência física ou sexual.

Um estudo realizado pela revista Nature revela que dois terços dos investigadores que surgem nos média ou nas redes sociais a falar sobre a covid-19 enfrentam “experiências negativas”. De acordo com um inquérito feito por esta publicação científica a 321 especialistas, 15% relatou mesmo ter recebido ameaças de morte.

Ao mesmo tempo,  22%  queixou-se de ter sido vítima de ameaças de violência física ou sexual, com alguns investigadores a afirmar que a sua morada foi até revelada online. 

Cerca de 60% dos 321 cientistas inquiridos contam que foram alvos de ataques à sua credibilidade após terem tido presença na comunicação social, e 43% dizem ter sofrido de ansiedade emocional e psicológica. 

 

Ainda que campanhas de difamação nas redes sociais ou ameaças por e-mail e telefonema não sejam um fenómeno novo, o trabalho divulgado pela revista Nature explica que este tipo de assédio “afetou muito” quem falou publicamente sobre a covid-19, levando esses especialistas a repensarem os seus contactos com a comunicação social futuramente.

Este é um cenário que preocupa o Centro de Comunicação Científica do Reino Unida, que receia o afastamento dos cientistas essenciais para esclarecer os assuntos na pandemia.

O inquérito realizado pela Nature contou com cientistas principalmente do Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos. Os números divulgados revelam que mais de um quarto dos investigadores admitiram receber “sempre ou geralmente” comentários agressivos, ou foram pessoalmente atacados depois de falarem publicamente sobre a covid-19. 

O estudo revela ainda que 44% dos cientistas inquiridos disseram que nunca contaram às suas chefias situações de assédio e de violência após terem expressado a sua opinião sobre a pandemia em espaços públicos. Dos que o fizeram, no entanto, quase 80% descreveram o empregador como "muito" ou "um pouco" solidário.

Muitos destes abusos acontecem nas redes sociais, levantando a questão sobre quais as responsabilidades das grandes tecnológicas perante aquilo que é dito nas suas plataformas. Entre os cientistas que responderam ao inquérito da Nature, 63% usaram o Twitter para lançar comentários sobre aspetos da pandemia e cerca de um terço disseram que foram "sempre" ou "normalmente" atacados na rede social.

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