Este ano já foram apanhados quase 600 mil condutores em excesso de velocidade. Agosto é o mês em que mais se acelera

8 ago 2023, 07:00

A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária já enviou quase 300 mil multas. Menos de metade foram pagas, mas mesmo assim o valor cobrado este ano já ascende a 5,6 milhões de euros. E, neste momento, estão a ser instalados mais radares nas estradas. Fique ainda a saber qual é o mês do ano com mais multas, quais as horas piores e quais os locais com mais acidentes mortais

Até ao final de junho de 2023, foram detetados em excesso de velocidade 592.837 veículos, dos quais 187.855 foram registados pelos radares da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR). Mais de meio milhão de condutores em apenas seis meses. Os dados foram avançados à CNN Portugal pela ANSR. Este ano também já foram enviadas quase 300 mil multas, mas menos de metade foi liquidada. Mesmo assim, o valor das infrações, este ano, já ascende a 5,6 milhões de euros.

Em relação às notificações, em 2023, foram enviadas 297.294 e, destas, 161.854 são relativas às infrações registadas pela ANSR. Recorde-se que existem outros radares, fixos e móveis, operados por outras entidades fiscalizadoras, com competência para tal (GNR e PSP, por exemplo).

Das multas enviadas, já foram pagos 113.056 autos relativos a infrações de velocidade. E o excesso de velocidade sai caro. Graças a eles entraram nos cofres do Estado 5,6 milhões de euros. Dentro deste valor encontramos 58.469 autos relativos aos radares da ANSR e que correspondem a um valor de três milhões de euros.

Mas há 103.385 autos ainda sem resolução. Na maioria, estão ainda em fase de pagamento ou em análise do processo de defesa.

A CNN Portugal perguntou qual era o mês com mais multas e se havia algum horário que também se mostrasse mais relevante. Os dados mostram que “entre 2017 e 2022, agosto foi o mês onde se registou um maior número de multas, no horário entre as 12 e as 13 horas”, afirma fonte oficial da ANSR. O mês eleito para as férias dos portugueses é o mês com mais multas.

Novos radares em breve

Atualmente existem 62 Locais de Controlo de Velocidade Instantânea (LCVI) instalados em várias estradas da rede rodoviária nacional. Estes LCVI correspondem a "caixas", dentro das quais são colocados os radares. E existem 58 radares. Ou seja, alguns radares vão mudando de localização e há "caixas" que, de forma rotativa, ficam vazias temporariamente. Estes aparelhos fazem parte da rede SINCRO, o Sistema Nacional de Controlo de Velocidade da responsabilidade da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária.

Mas em breve vão ser mais. Segundo a ANSR encontram-se em fase de instalação 50 novos locais (30 de velocidade instantânea e 20 de velocidade média). Na prática, os 62 locais de Controlo de Velocidade Instantânea vão aumentar para 112 e vão estar disponíveis 88 radares.

A escolha da localização destes dos radares, que estão sempre identificados, não é feita ao acaso. “A seleção dos locais de instalação tem como pressuposto, entre outros fatores, o nível de sinistralidade existente e em que a velocidade excessiva se revelou uma das causas para essa sinistralidade”, explica a ANSR.

Esta entidade vai mais longe e garante que ao fim de seis anos de funcionamento – entre junho 2016 a junho 2022 – as estatísticas são claras e “comprovam inequivocamente o papel e o efeito dos mesmos no combate à sinistralidade rodoviária: todos os indicadores baixaram”. Desde que entraram em funcionamento registaram-se “menos 36% de acidentes com vítimas, menos 74% de vítimas mortais, menos 43% de feridos graves e menos 36% de feridos leves”.

Os locais com maior concentração de acidentes mortais

No último dia de julho, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, lançou uma campanha: “Dê prioridade à vida”. A escolha do mês tem um propósito: é em agosto que as deslocações rodoviárias “são mais longas e frequentes”. Curiosamente, os utilizadores da plataforma digital Waze, vão poder ver os locais com maior concentração de acidentes mortais. E saiba, desde já, que metade da extensão da rede rodoviária com maior concentração de acidentes mortais e metade das vítimas mortais se registaram nos distritos de Lisboa, Setúbal, Porto, Leiria e Aveiro.

O critério para identificar estes locais teve por base os trechos de via com demarcação quilométrica (Autoestradas, Itinerários Principais, Itinerários Complementares e Estradas Nacionais) onde se registaram pelo menos dois acidentes mortais com uma distância entre si inferior a dois quilómetros, no período entre janeiro de 2018 e abril de 2023 (cinco anos).

Como resultado foram identificados 175 locais, que têm uma extensão acumulada de cerca 325 quilómetros. Foi aqui que se registaram 468 vítimas mortais. Cerca de um terço (31%) do total de vítimas mortais registadas no período referido (1.527), nas vias abrangidas pelo critério.

E que locais são esses? Veja a lista

Lisboa é o distrito onde se registaram mais vítimas mortais nos locais com maior concentração de acidentes mortais (53 vítimas mortais), sendo o trecho da marginal (EN6) entre a praia de Carcavelos e Cascais (km 11,2 ao km 18,5) aquele que mais vítimas mortais registou, não só a nível distrital, mas também a nível nacional: 12.

De seguida, temos o troço entre o km 20,9 e 29,8 da EN4 no distrito de Setúbal que registou oito vítimas mortais, e troço entre o km 217,4 e o km 211,2 da A1 no distrito de Aveiro que registou sete vítimas mortais.

IC2, IC1, A1, EN125, EN18, EN4 e EN109 representam um terço das vítimas mortais nos locais de concentração de acidentes mortais

O IC2, que atravessa os distritos de Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém e Lisboa, é a estrada que tem o maior número de locais de concentração de acidentes mortais – 13 – numa extensão acumulada de 24 quilómetros e onde se registaram, no período em análise, 31 vítimas mortais. 

A A1 tem 10 locais de concentração de acidentes mortais distribuídos pelos distritos do Porto, Aveiro, Santarém e Lisboa, numa extensão acumulada de 22 quilómetros e onde também 31 pessoas perderam a vida no mesmo período

O IC1 nos distritos de Beja e Setúbal registou seis locais de concentração de acidentes mortais, onde em 25 quilómetros morreram 20 pessoas.

Na EN125 também se registaram seis locais de concentração de acidentes mortais, onde 17 pessoas perderam a vida no período de referência, numa extensão acumulada de 13 quilómetros.

A EN18, que atravessa os distritos de Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja, também registou seis locais de concentração de acidentes mortais em 11 quilómetros, com 16 vítimas mortais.

A EN4 nos distritos de Setúbal, Évora e Portalegre registou 18 vítimas mortais em cinco locais de concentração de acidentes mortais, e a EN109 em Leiria e Coimbra, 16 vítimas mortais, distribuídas por cinco locais de concentração de acidentes mortais.

A sinistralidade rodoviária é uma tragédia mundial e a primeira causa de morte dos 5 aos 24 anos. Todos os anos morrem 1,35 milhões de pessoas em todo o mundo. São 3.700 pessoas por dia, 1 pessoa a cada 24 segundos. Em Portugal, a média rondará cerca de 600 pessoas.

Depois de um decréscimo verificado desde 2018, no primeiro semestre de 2023 verificou-se um aumento face a 2022, com índices equiparados a 2019. Ou seja, se os números continuarem assim, 2023 pode terminar com um aumento da sinistralidade.

O último relatório da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, de dezembro de 2022, revela que 59,2% das infrações registadas foi referente a excesso de velocidade. Em relação à natureza dos acidentes, a colisão foi a mais frequente (51,9% dos acidentes), com 39,8% das vítimas mortais e 43,8% dos feridos graves. Seguida pelos despistes, que representaram 34,5% do total de acidentes e corresponderam à principal natureza de acidente na origem das vítimas mortais (45,2%).

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