"Não é a minha casa, preciso do meu canto”. Refugiados e famílias de acolhimento acusam cansaço

5 mai 2022, 09:20

É no meio da serra madeirense que Olga Romashkina vive. Aos 55 anos, fugiu dos bombardeamentos na Ucrânia e, sozinha, cruzou a Moldávia, Roménia, Polónia até chegar à Madeira.

Encontrou na Internet a possibilidade de viver em casa de um casal madeirense. 

"Vivo num lugar lindo, no meio da natureza, mas longe do Funchal", disse, garantindo que é bem acolhida, mas que não se sente em casa. "Não é a minha casa, preciso do meu canto”.

“É difícil porque não estou moral e psicologicamente forte, preciso de me fortalecer emocionalmente, só que a burocracia que nos exigem é muita. É muito burocrático pedir comida, dinheiro, trabalho e não temos o poder e a energia suficientes para lutar contra mais estes obstáculos”. 

São já mais de 400 os ucranianos refugiados na Madeira, 120 são crianças. Se com os mais novos tem corrido bem, com os adultos que acolhem e são acolhidos, as expectativas de ambas as partes, estão a criar entraves. A responsável pela Associação dos Ucranianos na Madeira lembra que “a maior dificuldade é sempre a barreira linguística”, depois “as pessoas ficam cansadas, ou a família que acolheu já não está confortável com a situação ou as pessoas que ficam nestas casas estão desejosas de ter a sua liberdade, o seu canto”. Além disso, “muita gente não consegue manter conversa, socializar”, garante Valentyna Chan.
 
Olga partilha as angústias dos dias, com a gata Eva. Entre a vontade de regressar à Ucrânia e a necessidade de viver a salvo pede ajuda aos portugueses. “Tenho a certeza de que a minha experiência é muito útil para Portugal, mas ficamos presos nas burocracias que nos exigem”, desabafa. Olga reafirma que “eu só peço uma oportunidade para integrar a sociedade portuguesa, madeirense, na verdade, eu só quero viver uma vida normal”.

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