Milhares de ucranianos continuam a ser levados para a Rússia. À força, acusa Kiev. Só ontem foram 11.500

3 mai 2022, 04:12
Civis refugiados em Mariupol

Só nesta segunda-feira, mais de 11.500 pessoas, incluindo 1.847 crianças, foram levadas da Ucrânia para a Rússia. As autoridades de Kiev dizem que são deslocações forçadas - ou seja, raptos. Diplomata americano fala na existência de "campos de filtragem" para selecionar quem é enviado para o lado russo

Mais de 11.500 pessoas, incluindo 1.847 crianças, foram levadas da Ucrânia para a Rússia na segunda-feira sem a participação das autoridades de Kiev, informou o Ministério da Defesa da Rússia, citado pela Reuters. 

Segundo a agência de notícias, este número inclui evacuações de regiões separatistas da Ucrânia apoiadas pela Rússia, as chamadas “Repúblicas Populares” de Donetsk e Lugansk, que a Rússia reconheceu como independentes pouco antes de lançar a invasão à Ucrânia Mais de 11.500 pessoas, incluindo 1.847 crianças, foram transportadas da Ucrânia para a Rússia na segunda-feira sem a participação das autoridades de Kiev, informou o Ministério da Defesa da Rússia.

Este número inclui evacuações de regiões separatistas da Ucrânia apoiadas pela Rússia, as chamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk, que a Rússia reconheceu como independentes pouco antes de lançar a invasão da Ucrânia a 24 de Fevereiro.

Segundo as autoridades russas, as pessoas foram evacuadas a seu pedido. Mas a Ucrânia acusa Moscovo de ter deportado à força milhares de pessoas para a Rússia desde o início da guerra.

Nesta segunda-feira, o embaixador dos EUA junto da Organização de Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) reportou a existência de quatro "campos de filtragem" russos em torno da cidade de Mariupol. Segundo o embaixador Michael Carpenter, a informação sobre a existência destes campos de filtragem, onde são escolhidos os civis ucranianos a enviar para a Rússia ou para território controlado pelos russos, foi-lhe transmitida pelo presidente da câmara de Mariupol. 

"É claro que isto seria uma violação do direito humanitário internacional, e um crime de guerra, se as pessoas fossem deslocadas à força da Ucrânia para a Rússia", disse o diplomata norte-americano numa conferência de imprensa no Departamento de Estado, em resposta a uma pergunta da CNN Internacional.

 

Investigação da CNN confirma transferências forçadas

 

“O que estes relatórios descrevem traz de volta memórias horríveis de tempos passados", disse Carpenter. "Invadir um país vizinho, remover o seu governo legitimamente eleito, empurrar a sua população para campos de 'filtragem', e realizar referendos falsos numa tentativa transparente de cobrir a sua agressão com um falso verniz de legitimidade é um empreendimento totalmente bárbaro", acrescentou o diplomata.

Desde o início da guerra - a que a Rússia chama “operação militar especial” - cerca de 200 mil crianças, num total de 1,1 milhões de pessoas, foram evacuadas da Ucrânia para a Rússia, segundo informações do Ministério da Defesa russo.

Uma investigação da CNN publicada em abril confirmou aquilo que tem sido alegado pelas autoridades de Kiev: forças russas e soldados separatistas seus aliados estão a levar residentes de Mariupol para um chamado "centro de filtragem" estabelecido em Bezimenne, onde foram registados antes de serem enviados para a Rússia, muitos contra a sua vontade. O governo ucraniano e as autoridades de Mariupol dizem que dezenas de milhares de cidadãos ucranianos foram deportados à força para a “República Popular” de Donetsk e para a Rússia. 

Carpenter garantiu que a OSCE continuará a analisar a questão. Na semana passada o diplomata disse ser é expectável que a Rússia “intensifique a transferência forçada de populações locais de áreas do sul e leste da Ucrânia para a Rússia ou partes controladas pela Rússia dos Donbass.

Nesta segunda-feira, os primeiros civis evacuados da gigantesca fábrica de aço no porto de Mariupol chegaram à cidade ucraniana de Zaporizhzhia, como parte de uma operação coordenada com a Ucrânia e a Rússia do Comité Internacional da Cruz Vermelha das Nações Unidas e do Comité Internacional da Cruz Vermelha. 

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