Teka Portugal “congela” crise espanhola e reforça produção em Ílhavo

ECO - Parceiro CNN Portugal , Patrícia Abreu
6 fev, 07:34
Teka (DR)

A enfrentar uma grave crise em Espanha, que já envolveu vários resgates da banca, o grupo alemão garante que vai continuar a apostar em Portugal, onde reclama a liderança no setor de eletrodomésticos

Com a subsidiária em Espanha a enfrentar uma grave crise, tendo já recebido vários resgates da banca para garantir que liquidez à operação, a Teka assegura que a unidade em Portugal continua a ser uma aposta do grupo alemão, que em 2023 até reforçou a liderança no mercado português e se manteve próxima dos máximos de vendas registados no ano anterior.

“É sabido que 2023 foi um ano extremamente desafiante para a indústria de eletrodomésticos, não apenas para a Teka, mas para todo o setor. Foi um ano em que estivemos a lutar contra a queda do mercado, a inflação, a subida das taxas de juros e a instabilidade política”, explica Luís Leitão, CEO da Teka Portugal, que tem uma fábrica em Ílhavo e emprega cerca de 300 pessoas no país.

Em declarações ao ECO, o responsável indica que “foi um ano de refinanciamento, de modo a apoiar as várias operações e assim [conseguir] potenciar a atividade nos vários continentes”, o que permitiu “garantir um EBITDA bastante positivo e manter e até aumentar a posição da marca Teka nos principais mercados”.

Em relação a Portugal, Luís Leitão salienta que o grupo alemão tem no país “uma das suas principais delegações e é um dos mercados com maior expressão”. “Por isso, a aposta contínua no nosso país não será uma questão”, acrescenta.

Temos em Portugal uma das principais delegações e é um dos mercados com maior expressão. Por isso, a aposta contínua no nosso país não será uma questão.

Luís Leitão

CEO da Teka Portugal

Apesar dos desafios elencados pelo gestor, diz que a Teka conseguiu “reforçar a sua posição no mercado nacional”, onde garante que é líder nos eletrodomésticos. Apesar de o mercado de encastre ter caído 5%, diz que a marca aumentou a sua participação neste segmento. Segundo Luís Leitão, “em 2023, um quarto das unidades de encastre MDA3 [fornos, placas e exaustores] vendidas em Portugal foram equipamentos da marca Teka”.

Depois de em 2022 ter batido recordes de vendas em Portugal, a empresa fechou o último ano com “uma ligeira redução da faturação devido à instabilidade económica e política”. Ainda assim, o CEO da Teka Portugal reitera que o plano estratégico, definido até 2027, reflete uma visão positiva e otimista e mantém a “aposta num crescimento saudável e sustentado ao longo destes próximos quatro anos”.

Fábrica de Ílhavo com novos produtos de exaustão

A celebrar 100 anos de marca em 2024, Portugal é uma das apostas do grupo, que em 2020 decidiu concentrar no país a produção de exaustores. “Com a política de especialização das várias fábricas do grupo nos últimos anos, desde 2011 que se verificou uma forte aposta da Teka em Portugal como especialista em exaustão, criando no nosso país o Hoods Competence Center do grupo”, aponta o CEO.

Segundo Luís Leitão, a empresa tem desenvolvido e produzido novos modelos de chaminés e está neste momento a projetar novos produtos de exaustão, que serão produzidos na fábrica do distrito de Aveiro, e que “representarão uma janela de oportunidade e de crescimento para a marca, suportada por um ciclo de investimento nos próximos anos”.

“Além dos equipamentos de exaustão, continuamos a ser a única fábrica da Península Ibérica a produzir micro-ondas, que complementamos com fornos de vapor, máquinas de café e gavetas de aquecimento, entre outros produtos e componentes”, acrescenta o CEO da Teka Portugal.

Atualmente, 58% das vendas da Teka Portugal são realizadas no mercado interno. Os restantes 42% são exportados para Espanha, Itália, Reino Unido, Grécia, Polónia, Turquia, México, Chile e Dubai. “São dezenas de países nos diversos continentes, para onde a Teka Portugal envia os produtos produzidos na sua fábrica, tanto com a marca Teka e Küppersbusch, como com mais de 20 outras marcas”, conclui Luís Leitão.

Novos produtos de exaustão produzidos na fábrica portuguesa representarão uma janela de oportunidade e de crescimento para a marca, suportada por um ciclo de investimento nos próximos anos.

Luís Leitão

CEO da Teka Portugal

A resiliência do negócio em Portugal contrasta, porém, com o que tem sido a evolução da atividade da Teka em Espanha. No país vizinho, a empresa de eletrodomésticos, que chegou a patrocinar grandes clubes de futebol e equipas de ciclismo, enfrenta uma grave crise, tendo já recebido vários resgates da banca, para garantir que a empresa mantinha liquidez.

O Grupo Santander e o BBVA foram as últimas instituições a injetar capital na empresa, com duas linhas de crédito no valor de 20 milhões de euros, para manter a companhia à tona enquanto não encontra um comprador ou investidor para entrar no capital. Com sede em Santander, a companhia tem mais de 4.000 trabalhadores e fábricas em Cantábria, Zaragoça e Granada, em Espanha.

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