Irlandeses chumbam linguagem inclusiva na Constituição. "Era a nossa responsabilidade convencer e claramente não conseguimos fazê-lo", diz primeiro-ministro

9 mar, 17:21
Mulheres, Irlanda. EPA/LUSA

A Irlanda votou e rejeitou uma linguagem mais inclusiva na Constituição, a propósito do papel da mulher. O primeiro-ministro Leo Varadkar diz que as suas propostas foram "derrotadas de forma abrangente e com uma participação respeitável".

O primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, assumiu a derrota na sequência do referendo votado neste Dia Internacional da Mulher, que visava emendas constitucionais, nomeadamente a ampliação da definição de família e a remoção de “linguagem muito antiquada” sobre o papel da mulher em casa. A primeira contagem dos votos já indiciava a rejeição destas alterações propostas pelo líder irlandês, que as encara como “a realidade de muitos mais modelos diversos de família que hoje compõem a sociedade”.

“Era a nossa responsabilidade convencer a maioria das pessoas a votar ‘sim’ e claramente não conseguimos fazê-lo”, declarou Varadkar este sábado, acrescentando que as sugestões do seu governo foram “derrotadas de forma abrangente com uma participação respeitável”.

Segundo a Associated Press, os opositores justificam este resultado com o argumento de que o texto das mudanças foi “mal pensado”. No que concerne aos eleitores, uns explicam que ficaram confusos com as perguntas, outros que que temiam consequências indesejadas.

Recorde-se que o governo irlandês convocou os dois referendos para esta sexta-feira, dia 8 de março, com o intuito de reformular determinadas cláusulas da Constituição, consideradas “sexistas”. No documento, escrito em colaboração com a Igreja Católica em 1937, lê-se que todos os humanos “são iguais perante a lei”, mas que as mulheres não devem “envolver-se em trabalho que negligencie os seus deveres no lar”. Este também define que o “bem comum” depende da defesa da “vida em casa”, neste caso, da mulher.

Leo Varadkar assumiu a sua homossexualidade durante a campanha para o referendo sobre o casamento gay, em 2015, declarando que a Constituição ainda “não reflete verdadeiramente a Irlanda em que vivemos hoje”.

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