O Papa vai continuar a receber pessoas transexuais e vai continuar a dar-lhes a mão, a dar-lhes um beijinho - mesmo que haja quem não goste disso, quem o critique por isso

Agência Lusa , BCE
4 ago 2023, 14:05
Papa Francisco no Centro Paroquial de Serafina (Carlos Almeida/LUSA)

Há uma monja francesa que costuma levar transexuais às audiências gerais do Vaticano. O Papa recebe-as porque Deus "continua a amá-las como são"

O Papa Francisco afirmou numa entrevista que as pessoas transexuais são “filhos de Deus” e referiu que o Vaticano pretende nomear um representante permanente que "faça a ponte" entre Moscovo e Kiev sobre o regresso de crianças ucranianas deportadas.

Numa entrevista à publicação espanhola Vida Nueva Digital, conduzida antes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), mas só hoje divulgada, o Papa Francisco referiu que lhe “atiram à cara” que recebe transexuais nas audiências gerais.

O líder da Igreja Católica disse que quem costuma levar transexuais às audiências é uma monja francesa que pertence à fraternidade das Irmãzinhas de Jesus, fundadas por Charles de Foucauld, que vive num circo e se dedica a transexuais.

“Da primeira vez que as trouxe, as raparigas saíram a chorar. Deram-me a mão e disseram: ‘Dei a mão ao Papa e deu-me um beijo’. Vocês são filhas de Deus: (…) continua a amar-vos como são”, afirmou o Papa.

Nesta entrevista, o Papa Francisco considerou também que a Igreja não está preparada para um Concílio Vaticano III, acrescentando que também não é “necessário neste momento, uma vez que ainda não está em marcha o Concílio Vaticano II”.

“Este foi muito arriscado e há que pô-lo em marcha. Mas existe sempre o receio, que nos contagiou a todos, de forma velada, por parte dos ‘velhos católicos’ que, já no Vaticano I, se designavam como ‘depositários da verdadeira fé’. (…) É importante sair ao encontro dos sofismas”, disse.

Papa destaca "avanço significativo" nas negociações com Moscovo e Kiev

Sobre a guerra na Ucrânia, o Papa afirmou que o seu enviado especial ao conflito, o cardeal Matteo Zuppi, foi a Kiev, onde “persiste a ideia da vitória sem optar pela mediação”.

“Também esteve em Moscovo, onde encontrou uma atitude que podíamos qualificar como diplomática por parte da Rússia. O avanço mais significativo que se alcançou tem a ver com o regresso das crianças ucranianas ao seu país”, sublinhou.

O Papa referiu que o Vaticano está a fazer “tudo o que estiver ao seu alcance para conseguir que cada parente que reclame o regresso dos seus filhos o consiga”.

“Para tal, estou a pensar em designar um representante permanente que sirva de ponte entre as autoridades russas e ucranianas. Para mim, no meio da dor da guerra, é um grande passo”, referiu.

O representante máximo da Igreja acrescentou ainda que, após a visita do cardeal Zuppi a Washington, a sua próxima escala prevista é em Pequim, salientando que os Estados Unidos e a China têm “a chave para baixar a tensão do conflito”.

“Todas estas iniciativas são o que eu denomino como uma ‘ofensiva de paz’”, disse.

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