Três mulheres arbitraram um jogo do Mundial masculino – e não houve problema absolutamente nenhum

1 dez 2022, 22:35
Stéphanie Frappart e as assistentes Neuza Back e Karen Díaz (AP)

Não houve casos, nem polémicas, nem erros de maior. O Catar entrou para a história do futebol

Foi um momento histórico que o futebol mundial viveu esta quinta-feira, no Catar. Stéphanie Frappart e as auxiliares Neuza Back e Karen Díaz compuseram a primeira equipa totalmente feminina a apitar um jogo do Mundial masculino, no caso o Costa Rica-Alemanha. E a história poderia ficar por aqui.

Desengane-se quem pense que a emoção da última jornada do grupo E, que viu os alemães serem afastados do Mundial na fase de grupos pela segunda vez consecutiva e que, durante breves minutos, viu a seleção espanhola acompanhar os germânicos na eliminação, contribuiu para que a exibição deste trio passasse despercebida pois, num jogo com seis golos e nervos à flor da pele, os erros tendem a aparecer.

No entanto, durante os 90 minutos, mais tempo de desconto, não se passou nada de relevante em torno da arbitragem. A brasileira Back, por lapso, ainda assinalou um fora de jogo a Leroy Sané na jogada do quarto golo da Alemanha – situação revertida com celeridade pelo VAR. Um equívoco que poderia acontecer a qualquer um, como de resto aconteceu no polémico lance do segundo golo do Japão, que foi inicialmente invalidado pela equipa de arbitragem.

Perante esta constatação, há um facto que se impõe: sim, é claro que as mulheres conseguem arbitrar jogos de futebol masculino. Não se vislumbrou nenhuma polémica, nem foram tratadas de forma diferente, aliás, os jogadores não se coibiram de protestar decisões que consideraram erradas da mesma forma que fazem habitualmente.

Invariavelmente, há sempre aqueles que, quando se fala de mulheres, futebol, e mulheres no futebol, tentam desmerecer este tipo de progressos. A esses, colocam-se as seguintes perguntas:

- Lembram-se do golo-fantasma marcado por Geoff Hurst na final do Mundial de 1966 contra a Alemanha Ocidental?

- Lembram-se das terríveis arbitragens no Mundial 2002 que levaram a Coreia do Sul às meias-finais da competição?

- Lembram-se do golo marcado pela França à República da Irlanda no playoff do Mundial 2010, em que Thierry Henry se deu ao luxo de tocar duas vezes com a mão na bola e o lance foi validado?

Pois bem, todos estes erros foram protagonizados por homens. Árbitros homens. Elas ainda agora (e só agora) começaram. E começaram com muita competência.

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