França favorita com a Alemanha? «Siiiim», ironiza Deschamps

3 jul 2014, 19:18

O sentido de humor do experiente selecionador francês antes do jogo dos quartos

Enviado-especial ao Brasil


Veterano de dois Mundiais e mais de cem batalhas pela seleção francesa, enquanto jogador, vê-se que Didier Deschamps está habituado aos rituais mediáticos que antecedem os grandes jogos. Lacónico, mas com um sentido de humor afiado, enfrentou os mais de 400 jornalistas presentes na sala de imprensa com um sorriso nos lábios. Até porque, lembra, jogar quartos de final de um Mundial no Maracanã «tem de ser um prazer».

A boa disposição do selecionador francês provocou mesmo gargalhadas na sala quando foi confrontado com declarações do manager da seleção alemã, Oliver Bierhoff, atirando o favoritismo para o lado francês. Afinal, a França pode ser favorita? «Siiiiim», respondeu Deschamps com uma entoação irónica: «Bierhoff pode dizer estas coisas, mas se desde o princípio que há seleções favoritas neste Mundial, a Alemanha está seguramente entre eles e nós não. Até agora, fizemos um belo Mundial, mas a adversidade vai aumentar, a exigência também, e a experiência deles é mais importante», lembrou.

O técnico francês fez os possíveis para retirar pressão aos seus jogadores, e reforçou a ideia de que a Alemanha não tem caído de produção, depois dos 4-0 a Portugal no primeiro jogo: «Não me parece que esteja a ter um percurso com difículdades crescentes, apesar dos problemas com o Gana. A verdade é que no primeiro jogo, Portugal sofreu cedo e logo a seguir ficou com dez. Mas a Alemanha continua a ser uma equipa sólida, com individualidades fortes, que gosta de ter a bola e impõe o seu jogo», lembrou.

O sentido de humor, seco, de Deschamps voltou a manifestar-se quando um jornalista inglês quis saber a que atribuía o crescimento da equipa, sob o seu comando, nos últimos dois anos. «19 de novembro», limitou-se a responder. Fez-se silêncio na sala, enquanto os jornalistas processavam mentalmente a data do segundo jogo do play-off, em que a França bateu a Ucrânia por 3-0, anulando o desaire da primeira mão. Importa-se de desenvolver, senhor Deschamps? «19 de novembro. O que mudou foi apenas a diferença entre qualificarmo-nos ou ficarmos em casa. A nossa história é completamente diferente depois de 19 de novembro», sublinhou, antes de fazer um resumo da principais qualidades que atribui à sua equipa: «Somos um grupo competitivo, porque temos muitos jogadores que actuam em equipas de topo. E depois temos uma unidade de objectivo, nesta equipa todos sentem que não há nada no futebol que possa estar acima desta camisola», reforçou.

Por tudo isso, DD (ou Dédé, como é tratado pelos jornalistas franceses) espera que a sua equipa consiga manter a descontração no frente a frente com os alemães: «Não há razões para ter receio, e não sinto crispação no grupo. É um prazer jogar estes jogos», concluiu com o meio sorriso de quem só está a dizer meia verdade.

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