Grupo junta-se há 35 anos para percorrer as zonas altas da Ponta do Sol, a cantar os Reis, de porta em porta
Chegam em silêncio. Pela calada da noite. São mais de vinte os romeiros que se juntam há 35 anos para percorrer as zonas altas da Ponta do Sol, a cantar os Reis, de porta em porta.
Margarida Relva canta os Reis desde os seis anos. “Primeiro com a família, aprendi com os mais velhos e já maiorzinha, juntei-me a um grupo maior e nunca mais parei. Nos últimos 35 anos, só não cantei os Reis um único ano, por estar de luto de um familiar muito próximo”, conta emocionada.
Juntam-se à porta da casa que elegem e cantam, cantam até que a voz lhes doa ou que alguém lhes abra a porta. Quando a luz exterior da casa se acende, então, é sinal de que em seguida, também a porta se vai abrir e podem entrar.
Leontina Pereira é a primeira anfitriã desta noite de Reis. Perguntamos-lhe se vale a pena abrir a porta a este grupo. “Vale, vale. Já vai para mais de 35 anos que esta tradição se repete. O grupo vem visitar-nos e comer a sopa de trigo. É uma alegria”, confessa.
O grupo entra, dança e canta ao redor de uma mesa farta, ainda com restos do jantar de Natal. Dizem que traz sorte e prosperidade para o novo ano. Leontina agradece: “que se cumpra mais um ano e que se possam cumprir muitos mais com saúde. Que se possa manter a tradição, não os Reis do palco, mas os Reis de casa, que estes é que são os nossos Reis.”
A seguir, todos juntos, respaldam-se numa mesa maior. Até porque, a maior partilha desta noite, dizem-nos, é a dos afetos e a noite, essa, ainda é uma criança.