Bernardo Silva explica pedido para sair do ManCity: «Sentia-me sozinho»

4 mar 2022, 13:24
Manchester City-Tottenham (AP)

Internacional português admitiu que foi muito afetado pelas restrições provocadas pela covid-19

Bernardo Silva confessou pela primeira vez as dificuldades que atravessou durante o pico da pandemia de covid-19 e que estiveram na origem do pedido para sair do clube, como revelara Guardiola no último verão. Criado «no centro de Lisboa», o internacional português está «habituado ao trânsito e ao barulho», que praticamente desapareceram em 2020.

«Há quem não goste, mas gosto de estar perto das coisas, caso precise de cortar o cabelo ou até ir comprar uns legumes», começou por dizer em entrevista ao The Times.

«As pessoas sofriam muito mais do que nós, mas para mim foi difícil porque estava longe da minha família. Antes, ia alguns dias a Portugal e jantava com a minha mãe e o meu pai. Era apenas um jantar, mas estás com os teus pais, então é bom. Não poder fazer isso foi difícil. Não foi um bom momento para ser honesto. Estava sozinho no meu apartamento, a minha namorada só veio mais tarde. Via nos rostos dos meus companheiros que era difícil para eles também», acrescentou.

Sem a rotina habitual, os treinos, as idas aos restaurantes ou o tempo passado em família, e perante inúmeras restrições impostas pelo governo do Reino Unido, Bernardo pensou em deixar o Manchester City.

«Estava a sentir-me um pouco sozinho em Inglaterra na altura e não estava muito feliz com a minha vida. E se não estás feliz, não fazes o teu trabalho tão bem quanto fazes quando estás feliz. Eu estava bem fisicamente, mas tens de fazer o teu trabalho com um sorriso no rosto», vincou.

«Conversei com o clube porque não estava feliz com a minha vida aqui e queria estar mais perto da minha família. Mas [querer sair] não tinha nada a ver com o clube. Eu amo o Manchester City. Amo meus companheiros, amo os adeptos, amo o clube. Depois, nada aconteceu. Eu fiquei e sempre darei o meu melhor por este clube enquanto estiver aqui.»

O internacional português falou também de alguns aspetos que o incomodam quanto ao jogo, como as estatísticas e os espetadores de sofá.

«As pessoas que não entendem o jogo tendem a ir para as estatísticas. Infelizmente, hoje em dia, muitos jogadores tendem a direcionar-se para essa loucura de querer marcar o máximo de golos que puder ou fazer o máximo de assistências possível», lamentou.

«Se fores às redes sociais e não fizeres golo ou assistências, as pessoas dirão que não és um bom jogador. Isso é simplesmente louco. Eu sou médio. Se sempre que eu tiver a bola, jogar como um defesa e começar a enviar bolas para a outra área, algumas delas vão para o adversário e nós perderemos o controlo da bola, mas vou ser bem-sucedido se conseguir uma assistência», prosseguiu ainda.

«Mas qual é o sentido de eu ter uma assistência se perdermos por 3-1? Não quero assistência se a minha equipa perder. Deves olhar para o que é melhor para a equipa, e não para o que é melhor para ti. Isso é muito mais importante do que terminar a temporada com 30 golos ou 30 assistências», sublinhou.

O internacional português explicou também a fórmula de Guardiola, que o guia ao sucesso. «Pep é muito exigente, mas não exige que faças coisas extraordinárias. Ele exige que faças bem as coisas simples. Somos muito simples na forma de jogar. Todos fazem o que é melhor para a equipa e não o que é melhor para si. É isso que nos torna uma equipa de sucesso.»

Com contrato até 2025, Bernardo só vai discutir o futuro com os citizens no verão. «No final da temporada, vou sentar-me com o City e ver o que é melhor para os dois lados. Estamos a meio da temporada e queremos ganhar muitos troféus importantes. Podemos ganhar os três, ou zero, ou um», concluiu.

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