Boavista-Gil Vicente, 1-0 (crónica)

Vítor Hugo Alvarenga , Estádio do Bessa, no Porto
8 jan 2023, 22:37

Este futebol não é para românticos

O Boavista resistiu até final e garantiu o primeiro triunfo na Liga desde setembro de 2022 (1-0), suportando a pressão de um Gil Vicente que não conseguiu tirar partido da superioridade numérica no último quarto de hora para dar sequência à vitória na jornada anterior. Yusupha marcou, à meia-hora, o único golo da noite.

Quando se escreve que este futebol português não é para românticos, afaste-se a ideia de qualquer tipo de crítica ao estilo de jogo adotado pelos gilistas na etapa inicial. Pelo contrário. É agradável à vista e merece um aplauso. Ainda assim, como a equipa de Petit provou da primeira hora de jogo, quem vai direto ao assunto está mais destinado ao sucesso num campeonato decidido aos pontos.

FICHA DE JOGO E AS NOTAS DOS JOGADORES

O Estádio do Bessa recebeu duas equipas que disseram adeus à Taça de Portugal e que caíram, após bons desempenhos na fase de grupos, nos quartos de final da Taça da Liga. O campeonato é assim, em 2023, o único objetivo para ambas as formações.

E se o Boavista terminou 2022 sem jogar – a visita ao Estoril foi adiada devido a problemas elétricos no Estádio António Coimbra da Mota -, o Gil Vicente entrou no novo ano com o entusiasmo garantido por uma tão esperada vitória na Liga, garantida na receção ao Santa Clara, a 29 de dezembro.

A equipa de Barcelos não vencia na prova desde setembro, o mesmo mês em que o Boavista colocou um ponto final numa série extremamente positiva de resultados, com cinco triunfos em sete jornadas. Depois de bater o Sporting por 2-1, a 17 de setembro, a formação orientada por Petit não mais conquistou os três pontos na Liga. Até este domingo.

Os estados de espírito eram, por isso, diferentes. Daniel Sousa, sucessor de Ivo Vieira e Carlos Cunha, aposta num futebol apoiado e atraente, com bola de pé para pé, rendilhado, agradável à vista. Na primeira meia-hora, aliás, os gilistas dominaram territorialmente e rondaram a baliza axadrezada. Porém, estavam a cair numa armadilha.

O Boavista, com o castigado Petit na bancada, apresentou-se com a simplicidade de processos habitual e soube sofrer para, entregando a iniciativa de jogo ao adversário – mesmo no seu reduto -, explorar os espaços nas costas e responder com eficácia.

Bruno Lourenço desperdiçou a primeira grande oportunidade de jogo ao minuto 19, após assistência de Yusupha. À passagem da meia-hora, inverteram-se os papéis: foi Yusupha a inaugurar o marcador com um excelente cabeceamento, na sequência de um canto cobrado por Bruno Lourenço.

O golo que pareceu surgiu contra a corrente romântica do jogo do Gil Vicente foi totalmente justificado pelo que a equipa da casa cresceu a partir desse momento, em contraponto com o total desnorte dos visitantes.

A formação orientada por Daniel Sousa ainda esboçou uma reação até ao intervalo, mas o Boavista regressou para a etapa complementar disposto a tirar partido do natural adiantamento de linhas do rival e lançou várias ameaças à baliza de Kritciuk.

Em 12 minutos, Bruno Lourenço rematou ligeiramente por cima (53m), Yusupha disparou para uma intervenção apertada do guarda-redes russo (56m), Bozenik cabeceou à trave na sequência de um canto (57m), Kritciuk negou o 2-0 ao avançado eslovaco com uma defesa estrondosa (63m) e Yusupha cabeceou ao lado após cruzamento de Bruno (65m).

O Boavista não conseguiu ampliar a vantagem em cinco (!) oportunidades e teve de sofrer, sobretudo após a expulsão de Reggie Cannon ao minuto 76, por expulsão de cartolinas amarelas.

Daniel Sousa tentou de tudo, baralhou e voltou a dar, aumentou o caudal ofensivo da sua equipa, mas o Gil Vicente desperdiçou as ocasiões que criou na reta final do encontro, quando apostou no futebol direto, e viu Rafael Bracali fazer uma defesa do outro mundo já em período de compensação, a remate de Alipour. Verdadeiramente decisivo, aos 41 anos!

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