Revelação do empresário Josep Maria Minguella que está incontornavelmente ligado aos últimos cinquenta anos da história do clube catalão
Josep María Minguella, um dos mais influentes empresários no futebol espanhol nas últimas décadas, revelou um pormenor inédito na contratação de Diego Maradona ao Argentino Juniors em 1982, numa negociação que começou com «uma pistola em cima da mesa».
Minguella é um nome incontornável nos últimos cinquenta anos da história do Barcelona. Para começar, foi o empresário que trouxe Maradona e Messi para o clube catalão, mas foi muito mais do que isso.
O empresário, atualmente com 79 anos, também foi responsável por trazer metade do famoso Dream Team do Barça, esteve na inauguração do Camp Nou, foi intérprete de Vic Buckingham, foi adjunto de Rinus Michels, garantiu a contratação de Cruyff e foi ainda candidato à presidência do clube em 2003, com a proposta de juntar Cristiano Ronaldo e Messi na mesma equipa.
Na lista das maiores contratações para o Barcelona, além de Maradona e Messi, estão nomes como Stoitchkov, Rivaldo, Romário, Guardiola e muitos mais.
Numa longa entrevista ao jornal Líbero, Minguella conta pormenores deliciosos das negociações para a contratação de Diego Maradona que começaram logo em 1980. «A sua contratação foi muito prolongada. No governo argentino estavam os militares de Videla que, de alguma forma, necessitavam de uma figura como Maradona. Em representação do Barça chegámos a acordo com os Argentino Juniors em 1980, mas o governo emitiu uma nota a dizer que Maradona era um bem nacional e não podia sair. Disseram-nos que até ao final do Mundial de Espanha de 1982 não podia sair, mesmo depois de dirigentes do Barcelona terem ido a Buenos Aires assinar a transferência», começa por contar.
As negociações arrastaram-se quase por dois anos, e Maradona ainda teve uma primeira passagem pelo Boca Juniors, por empréstimo.
«No início de 1982 tive de voltar a Buenos Aires porque o primeiro contrato já não servia. O anterior presidente dos Argentinos Juniors já não estava e o novo presidente era polícia. Quando cheguei para falar com ele, acompanhado pelo tesoureiro do Barça, entrámos num restaurante e o tipo sacou de uma pistola e deixou-a em cima da mesa. “Não tem nada a ver com vocês", disse-nos antes de explicar que a arma era muito pesada para andar com ela pendurada. Rimo-nos muito, mas deixou-nos em alerta. Não estávamos habituados a negociar com uma arma em cima da mesa», conta o empresário.
Maradona cumpriu depois duas temporadas no Barcelona, antes de sair para o Nápoles onde se tornou num herói. «A vida dá-nos algumas circunstâncias que podes controlar, mas outras não. Comparando com Messi, o Léo é um jogador impressionante mas, além disso, soube ou teve a sorte de evitar lesões graves. Também é verdade que hoje em dia protege-se mais os jogadores. Nos anos de Maradona cada equipa tinha dois ou três jogadores destruidores e os árbitros eram muito mais permissivos do que agora. Não imagino ninguém a fazer a Messi uma entrada como a que fez Goikoetxea a Maradona num lance em que não havia perigo e pelas costas. Aquilo marcou o Barça, porque com Maradona podia ter ganho a liga. Se ele tivesse ficado dez ou doze anos teria marcado uma era como Messi. Não foi assim, acabou por sair por circunstâncias incontroláveis», comentou ainda o veterano empresário.