«Tinha vergonha das coisas que fazia em campo, não queria ver ninguém»

25 mai 2020, 09:27
Michael Keane

Michael Keane, jogador do Everton, conta a luta contra a depressão

«Não queria sair, não queria ver ninguém. Tinha vergonha da forma como as coisas corriam em campo, não queria ser visto em lado nenhum, nem fazer nada.» O relato é de Michael Keane, jogador do Everton, numa entrevista à BBC em que falou sobre a depressão por que passou após a lesão que teve pouco depois de chegar ao clube.

«Guardei para mim durante muito tempo, trabalhava muito para dar a volta à situação em campo, mas a situação acabou por levar a melhor. Acabei por quebrar e foi a chorar que contei à minha família como me sentia», revelou, reconhecendo que esse momento foi importante para conseguir melhorar.

«Foi quando cheguei ao fundo. A partir daí tenho vindo a melhorar. Com a ajuda da minha família e dos meus amigos comecei a trabalhar com um psicólogo de desporto, que ainda consulto para ter a situação controlada.»

Em julho de 2017, Michael Keane tornou-se numa das transferências mais caras da história do Everton. Uma lesão sofrida pouco depois, obrigou a que fosse suturado com oito pontos. Terminou esse jogo e continuou a jogar, mesmo precisando de injeções de analgésicos, até que uma infeção o levou ao hospital.

«Nessa altura só queria estar com os meus companheiros, estávamos a passar por um mau momento. Não queria atirar a toalha, mesmo tendo uma lesão séria, só queria estar lá, dar o meu melhor e ajudar. Olhando para trás, provavelmente, não foi a melhor decisão», reconheceu.

Agora o defesa trabalha com a Calm (Campaign Against Living Miserably), uma organização dedicada à saúde mental, e encoraja outras pessoas a pedirem ajuda, quando precisarem. «Há muita gente que guarda para si. Encorajo-os a, se precisarem, falarem com alguém. Agora sei como isso me ajudou», frisou.

Recorde-se que são vários os jogadores que contam que já lutaram contra a depressão. Há dois anos, André Gomes, companheiro de Keane no Everton, também relatou a sua história, em que dizia que jogar se tornou «um inferno», na altura em que se adaptava ao Barcelona.

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