Américo Aguiar diz que bênção de casais homossexuais só é polémica quando não tem rosto

Agência Lusa , AG
22 dez 2023, 19:20
Américo Aguiar (Luís Forra/Lusa)

Cardeal garante que "não há nada que possa impedir" a presença de Deus em alguém

O bispo de Setúbal, o cardeal Américo Aguiar, disse hoje, em Faro, que a bênção de casais do mesmo sexo só é polémica quando se fala dela genericamente, não quando tem rosto, e não vê obstáculos à sua concretização.

O cardeal, que falava no salão dos Paços do Concelho de Faro, à margem da entrega da chave de honra da cidade algarvia pelo presidente da Câmara local, Rogério Bacalhau, salientou que esta prática deve ser realizada quando é pedida, independentemente da posição sobre a matéria.

“O coração de um pastor, quando alguém se dirige a mim a pedir a bênção para a sua vida, a sua pessoa, não há qualquer obstáculo que possa impedir que eu faça exatamente isso, que eu corresponda”, afirmou o bispo de Setúbal.

Américo Aguiar considerou que, se alguém vai ao seu encontro “porque sente necessidade que Deus esteja presente na sua vida, não há nada que possa impedir que a presença de Deus nessa pessoa aconteça”.

“Se um irmão meu vem ao meu encontro e teve coragem, teve força, sente necessidade que Deus esteja presente na sua vida através desse pedido da bênção de Deus, só temos de dar graças a esse presente de Natal que o Papa Francisco materializou dessa maneira”, argumentou.

A mesma fonte salientou que estas matérias “podem parecer polémicas quando são genéricas, mas não são quando têm nome e têm rosto”, porque “muda tudo” quando se está a falar de um filho ou de um amigo.

“Quando estamos a falar genericamente de desconhecidos, achamos, pronunciamo-nos sobre as mais diversas coisas. Agora, quando as coisas têm nome, e são pessoas que nós amamos, acompanhamos e conhecemos, as polémicas desaparecem imediatamente”, assegurou.

Para o bispo de Setúbal, que citou o Papa Francisco, “o importante é o substantivo, é a pessoa, cada pessoa”.

Sobre a distinção entregue pela Câmara de Faro, Américo Aguiar disse que recebeu “com surpresa” a informação de que iria ser distinguido com a chave de honra da cidade pelo trabalho desenvolvido na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa.

“Quando o senhor presidente me comunicou a decisão, fiquei certamente emocionado, atrapalhado, surpreso e muito agradecido, porque estas coisas não se pedem, não se negam, agradecem-se”, afirmou aos jornalistas no final da cerimónia.

Américo Aguiar recordou que foi em Faro que “efetivamente começou a contar o conta-quilómetros real” da JMJ, “com o início da peregrinação dos símbolos, que começou na diocese do Algarve e depois percorreu todas as dioceses do país”.

“E, como dissemos na altura aos jovens do comité diocesano do Algarve, tudo o que fizessem iria ser copiado pelos outros e era bom que fizessem bem. E fizeram muitíssimo bem, porque todas as dioceses de Portugal acabaram por replicar aquilo que foi feito pelos jovens do Algarve durante esse mês longínquo algures em 2022”, enalteceu.

A mesma fonte deixou ainda uma mensagem de Natal focada na esperança, salientando que é bonito juntar família, trocar presentes e pôr “luzinhas a acender e a apagar”, mas “não se pode perder a razão de tudo isto”.

“E a razão de tudo isto, para quem é cristão, é assinalar o nascimento do filho de Deus, que desde o início está envolto em surpresas. E todos nós, diariamente na nossa vida, vamos acolhendo surpresas, algumas boas, outras más, algumas esperadas, outras inesperadas, e o Natal acima de tudo tem de ser esta capacidade de olharmos para as surpresas e acreditarmos que, para nós, a esperança é uma pessoa, é o Cristo que nasce”, referiu.

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