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Jornalista,editor de Sociedade

Rui Rio, a TVI e uma mentira de perna curta

15 jul 2023, 13:12

Rui Rio atira-se ao Ministério Público pelo que diz ser a politização da justiça. Quer há muito que o poder político ponha a justiça na ordem e as buscas de que ele próprio foi agora alvo servem-lhe de mote para recuperar o discurso. Se estas práticas partidárias, legais ou ilegais, de terem assessores nas sedes pagos pelo Parlamento, são “desde sempre transversais” da esquerda à direita, então porquê só investigar o PSD, de 2018 a 2021, quando ele liderou o partido? Pergunta legítima, pelo princípio da igualdade. O que já não é legítimo é, para enfatizar a narrativa da terrível justiça-espetáculo, que segundo Rio visa humilhar os visados com “julgamentos de tabacaria”, trazer-se para essa guerra o nome da TVI com uma mentira descarada. Que a SIC Notícias fez depois por amplificar.

Disse o ex-presidente do PSD, em entrevista à SIC, que uma equipa de reportagem da TVI e da CNN Portugal, previamente avisada para as buscas, chegou à porta de sua casa “antes da Polícia Judiciária” na manhã de dia 12, quarta-feira, no Porto. Acontece que isto é absolutamente falso e uma mentira facilmente demonstrável, desde logo por várias testemunhas. E uma delas, privilegiada, o próprio Rui Rio – o que não deixa de ser curioso: sabe, pela quantidade de vezes que foi à varanda, que já tinha os inspetores em casa há muito tempo quando a equipa de reportagem chegou à sua rua. Eram 10 da manhã. E a existência de buscas foi noticiada às 10:30. Quem tiver dúvidas disto, basta recuperar a emissão da CNN na manhã de dia 12.

A seguir a Rio veio o Expresso da Meia-Noite, na SIC Notícias, programa que abriu com esta frase da jornalista Ângela Silva: “Quando os agentes chegaram à porta de casa de Rui Rio, às 7 da manhã, a TVI já estava à porta”. E foi assim montada parte de um programa em cima de um pressuposto falso. 

Se Rio já faltara à verdade quando disse que a TVI chegou primeiro que a PJ, esta frase de uma jornalista sénior ainda conseguiu pior. Não sei onde foi buscar as “7 da manhã”, mas impunha o rigor que se tivesse informado: a TVI não chegou às 7:00, nem às 8:00, nem às 9:00. Chegou às 10:00, três horas depois. Três. O que faz toda a diferença quanto à mensagem que pretendem passar. E que sabemos bem qual é. 

Não vale tudo, muito menos o que é flagrante e tem perna curta.

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