Explosões em Kiev, assalto a Kharkiv e cerco a mais duas cidades ucranianas. A madrugada de uma nova invasão

27 fev 2022, 08:00
Clima de tensão em Kiev, entre destroços (AP Photo/Emilio Morenatti)

A batalha voltou a ter o seu epicentro em Kiev. Militares russos cercaram também Kherson e Berdyansk e há registo de confrontos intensos em Carcóvia. Vários países europeus vão enviar material militar para a Ucrânia, incluindo Portugal.

Sirenes voltaram a tocar na capital ucraniana este domingo. Enormes explosões iluminaram o céu durante a madrugada e forçaram milhares de pessoas a procurarem abrigo em espaços subterrâneos para se protegerem de um ataque em grande escala por parte das forças russas. Durante as primeiras horas da manhã, um porta-voz do Kremlin afirmou que a Rússia vai enviar uma delegação diplomática para Minsk, na Bielorrússia, para iniciar conversas com a liderança ucraniana e chegar a acordo para um cessar-fogo, de acordo com a agência estatal russa Ria Novosti citada pela Reuters.

Pouco depois das primeiras explosões terem sido registadas, um ataque num distrito ocidental de Kiev provocou a morte de uma criança de seis anos e fez vários feridos civis, de acordo com a CNN Internacional. Serhii Chernysuk, médico do hospital Okhmatdyt, onde ocorreu o ataque, afirmou que, entre os feridos, estão dois adolescentes e três adultos.

 

O assalto a Kiev prossegue num momento em que o Ministério da Defesa russo anunciou ter cercado as cidades de Kherson e Berdyansk e ter invadido, com tropas e veículos militares, a região de Kharkiv. A notícia foi avançada pela agência AFP que diz que ambas as cidades "estão totalmente bloqueadas".

A cidade de Kherson é uma cidade portuária do sul da Ucrânia, com uma dimensão de 135,7 km² de área. De acordo com as últimas estimativas, tem uma população de 286.958 habitantes. A cidade de Berdyansk está situada no Oblast de Zaporíjia e tem 82,65 km² de área. Pelo menos109.187 pessoas vivem nesta cidade.

Em Carcóvia, durante a madrugada, os serviços de emergência ucranianos referiram que um prédio residencial na zona este da cidade foi atingido por "artilharia inimiga", matando uma mulher. Esta autoridade referiu também que o edifício ficou bastante danificado e que foi necessário retirar 80 pessoas do prédio, a maior parte abrigada na zona subterrânea do edifício.

O gabinete de Zelensky também disse que as forças russas fizeram explodir instalações de combustível em Kharkiv, levando o governo a avisar as pessoas para se protegerem do fumo, cobrindo as janelas com panos húmidos. Também um depósito de petróleo perto do aeroporto de Zhuliany, a cerca de 40 quilómetros a sul da capital, está em chamas.

Para ajudar a Ucrânia, os Estados Unidos e outros países europeus prometeram o reforço da ajuda militar. A Alemanha fechou o espaço aéreo aos aviões russos.

Os EUA, a União Europeia e o Reino Unido concordaram em bloquear bancos russos do sistema global de transações financeiras SWIFT, que movimenta dinheiro em torno de mais de 11.000 bancos e outras instituições financeiras em todo o mundo, como parte de uma nova ronda de sanções que visam Moscovo, prometendo ainda impor "medidas restritivas" ao banco central da Rússia.

Já durante o amanhecer em Kiev, o sistema SWIFT anunciou estar preparado para implementar as novas sanções do ocidente que visam sete bancos russos nos próximos dias. “Estamos em contacto com as autoridades europeias para entender os detalhes das entidades que estarão sujeitas às novas medidas e estamos a preparar-nos para cumprir com as instruções legais”, afirmou em comunicado.

Por outro lado, e em resposta ao avançar das forças russas, o presidente ucraniano também anunciou que irá estabelecer uma legião para acolher voluntários internacionais, "Este será o momento-chave para que mostrem o seu apoio à Ucrânia".

Vladimir Putin fez um breve discurso na televisão estatal, a sua primeira declaração pública desde sexta-feira. O presidente russo referiu-se à invasão da Ucrânia como uma “operação especial para fornecer assistência às repúblicas populares do Donbas” e saudou o “heroísmo” das forças especiais russas, relata a Agence France-Presse.

Portugal envia granadas e munições para a Ucrânia

Durante a noite, Portugal informou que vai enviar equipamento militar para a Ucrânia. Numa curta nota enviada às redações sobre o apoio à Ucrânia, o ministério refere que, “a pedido das autoridades ucranianas, Portugal irá disponibilizar equipamento militar”.

Da lista do material fazem parte “coletes, capacetes, óculos de visão noturna, granadas e munições de diferentes calibres, rádios portáteis completos, repetidores analógicos e espingardas automáticas G3”, enumera o Ministério da Defesa Nacional.

Numa publicação na sua página oficial da rede social Twitter, o ministro João Gomes Cravinho sublinhou que "Portugal apoia a Ucrânia a defender-se contra a invasão injustificada, ilegal e inaceitável pela Rússia".

A Bélgica, os Países Baixos, a França e a República Checa, entre outros, também anunciaram entregas de armas e combustível às forças ucranianas, respondendo aos pedidos de ajuda de Kiev.

Número de refugiados continua a crescer e imagens mostram centenas a fugir de Lviv para a Polónia

Mais de 150.000 ucranianos fugiram para a Polónia, Moldávia e outros países vizinhos, e as Nações Unidas avisaram que o número poderia aumentar para quatro milhões se os combates se intensificassem.

Imagens obtidas pela CNN Portugal mostram centenas de pessoas durante a noite deste sábado na Estação Ferroviária de Lviv com o intuito de viajarem, via comboio, para a Polónia. Este vídeo surge depois de a Embaixada de Portugal na Ucrânia ter deixado dois avisos no seu site oficial. Portugueses em Lviv devem abandonar a cidade, e quem está em Kiev deve abrigar-se.

De acordo com o vice-ministro do Interior da Polónia, Pawel Svernaker, pelo menos 115.000 pessoas cruzaram a fronteira da Ucrânia para a Polónia desde o início da invasão russa.

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